Operações da ITA podem ser adiadas, prolongando a vida da Alitalia até 2022, diz Jornal

Avião Boeing 777-200ER Alitalia
Boeing 777-200ER – Imagem: Masakatsu Ukon / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

A Italia Trasporto Aereo (ITA), a nova companhia aérea estatal italiana, pode começar a operar após a data inicialmente prevista de 15 de outubro, para a qual já está vendendo passagens. É o que afirmam quatro fontes internas ao jornalista de aviação Leonard Berberi, do Corriere della Sera, o jornal mais importante da Itália.

A medida, qualificada por fontes como “extrema”, acabaria por prolongar a vida da Alitalia até a nova data definida para o início da ITA, que seria março de 2022, segundo o jornal.

Essas conversas teriam iniciado após dificuldades nas negociações entre a nova companhia aérea e os sindicatos, que pedem a prorrogação do benefício salarial para os funcionários da Alitalia que não ingressarem na ITA até o final do plano industrial da startup, que tem data-alvo para 2025, e querem uma solução conjunta para o contrato de trabalho da nova empresa.

De acordo com nosso parceiro Aviacionline, embora o governo italiano tenha um ‘projeto de mediação’, a ideia de congelar a decolagem da ITA também permitiria à nova companhia aérea começar a operar em um ambiente de mercado mais favorável, pouco antes do verão e com a pandemia mais controlada. As companhias aéreas europeias, especialmente as deficitárias, muitas vezes têm dificuldade em lidar com o inverno, em um mercado que é altamente sazonal.

A ideia, porém, enfrentaria oposição da União Europeia. O simples fato de justificar a criação da ITA explica o problema: a UE impediu a Alitalia de receber mais dinheiro do Estado italiano, o que a levou a planejar uma companhia aérea inteiramente nova. Consequentemente, o governo italiano e a UE concordaram em encerrar a Alitalia “o mais rápido possível”, de forma a amenizar as sanções da agência contra a Itália em dois casos de auxílio estatal ditos ilegais à Alitalia, em 2017 e 2019.

Embora atrasar o início da ITA daria tempo para negociações, fontes lembram que a medida agravaria a situação em todas as frentes. Além de a Alitalia ficar sem liquidez, pagando apenas 50% da folha de pagamento de setembro, ela voaria perdendo ainda mais dinheiro, já que no dia 26 de agosto a ITA começou a vender passagens para os voos que operaria a partir de 15 de outubro.

Portanto, a Alitalia teria que honrar milhares de passagens que não vendeu, estando muito próxima da curva de reserva para ganhar dinheiro com esses voos.

Com isso, a Alitalia precisaria de mais dinheiro do Estado para manter os voos, em um momento em que o país já comprometeu uma data para o fechamento da companhia aérea, e com o resgate de 2019 ainda em análise pela UE.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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