Ouça como foi a declaração de urgência do piloto do A320 que desviou para BH

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Imagem meramente ilustrativa – Imagem: Domínio público / CC0 1.0

Como vimos ontem (10) aqui no AEROIN, um Airbus A320neo precisou ser desviado para um aeroporto alternativo na noite do último domingo (7) quando, assim que atingiu a altitude de cruzeiro de 39 mil pés, apresentou cheiro de queimado a bordo.

O voo de número AD-4033 da Azul decolou de Campinas (SP) e iria até Aracaju (SE), mas acabou pousando em Belo Horizonte/Confins (MG) após os pilotos declararem ao controle de tráfego aéreo “PAN PAN” (alerta na frequência de rádio que indica que há uma situação urgente, mas, por enquanto, não representa um perigo imediato para a vida de ninguém ou para a própria aeronave).

Então, depois de termos visto o incidente, o radioamador Eder Andrade (código PU4ETA), que captou a comunicação de urgência do piloto da Azul, nos disponibilizou o áudio da ocorrência, permitindo mais uma vez trazermos ao leitor do AEROIN a experiência prática de como é, exatamente, a declaração de “PAN PAN” que muitas vezes são reportadas nos incidentes em voo, mas que muitas pessoas não têm o conhecimento de como é na prática.

Como você verá no áudio logo abaixo, apenas a comunicação do piloto foi captada, portanto, não há entre cada mensagem dele a resposta do controlador de tráfego aéreo. A gravação começa com o piloto reportando a urgência conforme o padrão de três chamadas “PAN PAN” seguidas da identificação do voo: “PAN PAN, PAN PAN, PAN PAN, Azul quatro zero três três”:

Então, depois da resposta não registrada do controlador de tráfego, no áudio do player acima o piloto explica a situação: “Declara PAN PAN. Está com cheiro de queimado a bordo da aeronave. Solicita alternar Belo Horizonte.”

Na sequência a uma nova resposta do controlador, em que este possivelmente passou as instruções para o desvio até o aeroporto de alternativa, o piloto confirma as instruções recebidas, de que poderia descer até o nível de voo “cento e dez” (FL110, ou 11 mil pés de altitude) e seguir o procedimento de aproximação indicado para a pista “uno meia” (16) de Confins.

Por fim, possivelmente diante de uma solicitação do controlador sobre em que local estaria sendo identificado o cheiro de queimado a bordo, o piloto informa: “Na cabine de clientes, PAN PAN quatro zero três três”, indicando que não se tratava de um problema no cockpit, mas sim na cabine de passageiros (conforme publicado pelo CENIPA, tratava-se da galley traseira).

Muitas pessoas têm feito questionamentos a respeito da recorrência de registros de incidentes como este em voos da Azul, entretanto, é importante ressaltar que o fato de pilotos da companhia sempre optarem por reportar tais ocorrências revela que os funcionários sentem-se seguros para o fazerem.

Em última instância, isso também revela uma política organizacional de incentivo a tal atitude, o que colabora com a segurança de voo, pois leva a empresa a tomar conhecimento dos índices e dos tipos de incidentes para que medidas corretivas e/ou preventivas sejam tomadas.

Caso você queira rever mais detalhes divulgadas pelo CENIPA a respeito desta ocorrência, pode clicar aqui ou no título a seguir para revisitar a matéria.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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