Passageira impedida de entrar em avião por estar com as mãos tremendo

Foto por lasta29 via Wikimedia

Há algumas semanas, foi noticiado um caso em que um passageiro suicidou-se a bordo de uma aeronave durante um voo da Air China, levando o piloto a desviar a aeronave. Mais recentemente, ocorreu de outra empresa aérea local, a Spring Airlines, negar o embarque de uma passageira por alegar que ela sofria de distúrbios psiquiátricos. O caso chegou às redes sociais e viralizou.

Em um comunicado enviado à publicação chinesa The Paper, a Spring Airlines com sede em Xangai, disse que tomou uma “decisão lamentável” ao dizer a uma passageira que ela não poderia embarcar em um voo no dia 13 de outubro por causa de seu estado psicológico. A companhia disse que reembolsou os custos da passagem para a mulher e seu namorado, que a acompanhava no voo de Weihai a Nanjing. A companhia aérea descreveu a passageira como “emocionalmente instável” e seu estado de saúde “incerto”.

Mãos trêmulas

Um membro da equipe da companhia aérea “interrogou a mim e a minha namorada sobre sua condição no portão de embarque, na frente de outros passageiros”, escreveu Yu, namorado da mulher, na plataforma de microblog Weibo, acrescentando que sua namorada não apresentava sinais anormais e havia fornecido documentos médicos relevantes. “Não tenho certeza se é razoável perguntar aos passageiros sobre suas condições médicas particulares em público”, disse o jovem.

O namorado acusou a Spring Airlines de “discriminar pacientes com depressão”. De acordo com seu relato, as mãos de sua namorada tremiam, um efeito colateral dos comprimidos que ela toma para seu problema de saúde e isso chamou a atenção dos agentes de aeroporto, que levaram-nos ao constrangimento.

Yu disse ao The Paper que sua namorada tinha uma consulta com um especialista no Hospital do Cérebro de Nanjing no dia seguinte e que, no final, o casal teve que pegar um trem e remarcar a consulta, o que havia sido difícil e doloroso, após a situação pela qual passaram.

“Minha namorada estava bem, mas depois de todos os problemas com a companhia aérea ela chorou todo o caminho para Nanjing e até teve alguns pensamentos ruins”, escreveu Yu, acrescentando que ela nunca teve problemas para embarcar em voos por causa de sua depressão antes. “Espero que a Spring Airlines forneça uma explicação razoável”.

Calor do momento

Apesar da empresa negar discriminação, quando um repórter do The Paper ligou para o atendimento ao cliente da Spring Airlines se passando por cliente, um funcionário disse que a empresa não recomenda que pessoas com depressão viajem de avião.

Nas redes sociais chinesas, houve uma discussão acalorada sobre o caso, com uma hashtag do Weibo vista milhões de vezes. Alguns internautas criticaram a Spring Airlines por ser “arrogante” e discriminatória, enquanto outros simpatizaram com a empresa aérea por fazer o que aparentemente ser a decisão mais segura.

Presumindo que os detalhes relatados sejam verdadeiros, tudo o que a companhia aérea fez “foi se responsabilizar pela segurança dos outros passageiros, bem como da própria paciente”, dizia uma postagem do Weibo. “Afinal, há menos de um mês um passageiro cometeu suicídio em um voo da Air China, causando grande prejuízo”.

Chen Jun, médico-chefe do Centro de Saúde Mental de Xangai, descreveu o suicídio do passageiro como um caso extremo que não pode ser usado pelas companhias aéreas como desculpa para rejeitar clientes com problemas mentais, pois isso pode violar a Lei chinesa de saúde mental.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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