Passagem baixa do avião Embraer do GEIV em Guarulhos é registrada em vídeo

Cena do vídeo que você vê abaixo nesta matéria

Uma bonita cena, protagonizada por um dos aviões Embraer Legacy 500 do GEIV durante o trabalho de inspeção de instrumentos de auxílio ao pouso, foi registrada pelas câmeras dos canais “Golf Oscar Romeo” e “SBGR LIVE” no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Conforme os vídeos presentes abaixo nesta matéria, a passagem baixa sobre a pista 27R, gravada pelos dois lados do aeroporto no último sábado, dia 10, foi a última de uma série de aproximações e arremetidas efetuadas durante o trabalho. O registro de radar a seguir mostra a trajetória de voo do Legacy 500 durante o processo.

A trajetória da aeronave nos trabalhos de inspeção – Imagem: FlightRadar24

Na sequência à passagem baixa, o áudio da comunicação entre a equipe do GEIV e o controlador de tráfego aéreo da torre de Guarulhos mostra que foi confirmado ao aeroporto que os instrumentos de auxílio ao pouso pela pista 27R estão todos disponíveis e operacionais. Veja a seguir as gravações e, mais abaixo, conheça detalhes sobre o GEIV e como seu trabalho auxilia na segurança dos voos no Brasil.

Auxílios à Navegação Aérea

Durante a trajetória de um voo, as aeronaves que trafegam pelos céus do Brasil são “orientadas” por equipamentos de navegação, distribuídos pelo território nacional, o que compreende uma área de aproximadamente 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Em cada etapa do voo, da decolagem à rota e ao pouso, os pilotos mantêm comunicação via rádio com os controladores de tráfego aéreo, mas também recebem sinais dos mais de 800 auxílios à navegação aérea, fundamentais para que cada voo aconteça com segurança. A operação do tráfego aéreo depende, entre outros fatores, da acuracidade destes auxílios-rádio, dos auxílios visuais e dos procedimentos de navegação aérea.

Na prática, embora os medidores de terra indiquem posicionamento normal dos componentes de um auxílio-rádio, informações imprecisas podem ser transmitidas às aeronaves em voo. A justificativa para o recebimento de sinais com distorções pode ser causada por reflexões no solo ou em edificações, acidentes topográficos, interferências de linhas telefônicas, redes de energia elétrica ou, ainda, de outros auxílios.

Como estes equipamentos são instalados para terem seus sinais utilizados por aviões, há necessidade de que seja comprovada a correção da informação transmitida.

O Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV)

Imagem: DECEA

Esta comprovação da correção das informações abrange a verificação, aferição e ajuste dos equipamentos, realizada por aviões especialmente equipados, denominados aviões-laboratório. A atividade de Inspeção em Voo é missão do Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV). Hierarquicamente, o Grupo está subordinado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB).

No Brasil, o DECEA é o órgão gestor do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), responsável pelo controle do espaço aéreo em 22 milhões de km², área que inclui, além do Continente, parte do Oceano Atlântico.

Os pilotos-inspetores e as aeronaves-laboratório do GEIV

É dos pilotos-inspetores do GEIV a função de  verificação de todos os aeroportos brasileiros, auxílios e procedimentos à navegação aérea, perfazendo um total de 83 VOR (Very High Frequency Omnidirectional Range), 57 Sistemas de Pouso por Instrumentos, 67 Radiofaróis, 230 Auxílios Visuais de Aproximação, 208 Radares Primários e Secundários, 877 Procedimentos de Aproximação – dentre outros tipos de procedimentos de voo – e 21 Estações Rádio, além da atividade de Radiomonitoragem, essencial para a operação aérea segura.

Imagem: DECEA

Imagem: DECEA

Para o cumprimento desta missão, o Grupo Especial de Inspeção em Voo dispõe de modernas aeronaves-laboratório: quatro Hawker 800XP (denominados IU-93 na FAB) e quatro Legacy 500 (denominados IU-50 na FAB), que contam com o Sistema de Inspeção em Voo embarcado UNIFIS 3000, que monitora, avalia e analisa em voo os sinais eletrônicos provenientes dos auxílios à navegação aérea.

Esse sistema é o estado da arte em termo de avanço tecnológico, totalmente digital. Nos primórdios da inspeção em voo, era usado um sistema analógico chamado de C-FIS. O Operador de Sistema de Inspeção em Voo (OSIV) tinha que fazer manualmente os cálculos para verificar o funcionamento dos auxílios.

A equipe de inspeção em voo no Brasil é composta por seis militares: um piloto-inspetor (PI), um primeiro-piloto de inspeção em voo (1P), um OSIV, dois operadores de sistema de posicionamento de aeronave (OSP) e um mecânico de voo (MEC).

Imagem: DECEA

Imagem: DECEA

No último dia 21 de fevereiro, foram comemorados os 62 anos da realização da primeira inspeção em voo realizada em território nacional com aeronave da Força Aérea Brasileira conduzida por tripulação brasileira.

A data merece ser celebrada e reconhecida por usuários do transporte aéreo e por passageiros, que têm a salvaguarda de suas vidas e, ainda, a garantia do controle do espaço aéreo, missão institucional do Grupo Especial de Inspeção em Voo.

Mas, mais do que isso, comemorar a evolução tecnológica e operacional do GEIV e o reconhecimento da excelência na prestação do serviço de inspeção em voo.

Com informações da Força Aérea Brasileira

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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