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Piloto excede velocidade e causa alerta de colisão em aproximação não estabilizada com B737

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Avião Boeing 737-800 Aeroflot
Boeing 737-800 da Aeroflot – Imagem: Anna Zvereva / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Um sério incidente de excesso de velocidade para uma dada configuração aerodinâmica da aeronave e alerta de colisão contra o solo foi registrado pouco mais de duas semana atrás, quando o piloto de um Boeing 737 tentou prosseguir para o pouso diante de uma condição de aproximação não estabilizada.

A ocorrência, segundo informações obtidas pelo The Aviation Herald, aconteceu com o Boeing 737-800 registrado sob a matrícula VP-BPF, operado pela companhia aérea russa Aeroflot e realizando o voo de número SU-1259 do aeroporto de Ufa para o Moscou-Sheremetyevo, ambos na Rússia, no dia 24 de janeiro.

Na ocasião da aproximação por instrumentos (ILS) para a pista 06R de Sheremetyevo, o comandante era piloto voando a aeronave e o piloto automático e o controle automático de potência (autothrust) estavam desligados.

O Boeing 737 estava voando com asas limpas (sem abertura das superfícies auxiliares de controle/sustentação) até a curva para interceptar o curso de aproximação final. Ventos de 42 nós (77 km/h) incidiam na região.

Reduzindo a velocidade para 228 nós na curva, a tripulação ajustou os flaps para a posição 1, capturou o sinal do localizador e colocou a manete de potência em idle (motor sem aceleração), ainda com o trem de pouso recolhido.

Em seguida, os flaps foram aumentados para a posição 2 e depois 5, e a aeronave interceptou a rampa de planeio a 4070 pés de altitude (a altitude do aeroporto é de 630 pés).

A 3.340 pés de altitude a tripulação definiu flaps 10 com a velocidade a 196 nós, e com uma razão de descida entre 1.100 e 1.300 pés por minuto. A 3.030 pés de altitude o trem de pouso foi baixado.

A 2.360 pés, os flaps foram estendidos para 15 graus a 185nós. A 2.020 pés, a tripulação aumentou os flaps para 25 graus a 182 nós e a uma razão de descida entre 1.300 e 1.600 pés por minutos. Os speedbrakes (freios aerodinâmicos) não estavam sendo usados.

Nesse momento, o diretor de voo (indicação automática do instrumento do avião) indicava a necessidade de descer mais, e o comandante seguindo as indicações aumentou a descida para 2.680 pés por minutos.

A aeronave atingiu um ângulo de pitch (inclinação do nariz) de 8º de nariz para baixo. O Sistema de Alerta de Proximidade com o Solo (GPWS) soou o aviso de “sink rate” (taxa de afundamento) e o comandante reduziu a descida para 1.600 pés por minutos.

O sistema de flaps entrou em modo de alívio (os flaps estavam selecionados a 25 graus, mas foram retraídos automaticamente pela aeronave para aliviar a carga aerodinâmica que estava agindo sobre eles).

A uma velocidade de 263 nós e com taxa de descida de 1.280 pés por minuto, o GPWS soou “TOO LOW TERRAIN! PULL UP!” (Muito baixo, terreno! Puxe o manche!) a 481 pés (146 metros) de altitude de rádio (altura em relação ao solo) e a cerca de 0,45 milha náutica (830 metros) da cabeceira da pista, de acordo com os dados ADS-B (registro de radar).

O comandante iniciou a arremetida e a aeronave atingiu a velocidade máxima de 285 nós (com flaps retraídos a 5 graus em decorrência do alívio automático).

Dados da aproximação do B737 – Imagem: FlightAware

Subindo em seguida para 3000 pés e posicionando-se para outra aproximação, dessa vez o pouso ocorreu sem maiores incidentes na pista 06R de Sheremetyevo cerca de 20 minutos após a arremetida.

Também segundo o AvHerald, a companhia aérea informou que, além da aproximação não estabilizada, da descida em alta razão abaixo de 1000 pés sobre o solo e do alerta GPWS de “Muito baixo, terreno!”, a aeronave ainda excedeu a velocidade máxima dos flaps por 40 segundos.

O Boeing 737 permaneceu em solo por três dias até voltar às operações comerciais. A companhia aérea investiga a ocorrência.

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