Piloto não era preparado para situação da queda do Antonov 24 em Donetsk, aponta relatório

O relatório final divulgado pela autoridade ucraniana de investigação (NBAAI), na última terça-feira, 29 de outubro, conclui que as causas prováveis ​​do acidente com um Antonov 24 estão associadas ao despreparo do comandante para lidar com a condição climática adversa.

Acidente Anotnov An-24 Donestsk 2013

O acidente do An-24 de matrícula UR-WRA, no percurso de Odessa para Donetsk no ano de 2013, ocorreu devido à perda de velocidade do ar durante a aproximação para aterrissagem em condições meteorológicas degradadas, em que o comandante não estava preparado e não era certificado.

Segundo o The Aviation Herald, relatório da NBAAI informa que a aeronave decolou com 5 tripulantes e 47 passageiros, e estava 1579 kg acima do peso máximo de decolagem na partida de Odessa.

O voo transcorreu sem intercorrências até a nível de voo FL110 em direção a Donetsk, quando a tripulação recebeu que o tempo em Donetsk indicava alcance visual de 900 metros para a pista 08 e visibilidade vertical de 60 metros. O comandante era certificado para mínimos de 1000 metros de alcance visual e 80 metros de visibilidade vertical.

Além da limitação, o comandante não realizou um briefing (lista de verificação) de aproximação e não calculou a massa de aterrissagem. A tripulação chegou a discutir a possibilidade de se aproximar pela pista 26 devido a melhores condições de visibilidade, com 1400 metros, mas seguiram para a pista 08.

Também houve falha no uso da unidade de força auxiliar RU-19 (chamada de APU, que geralmente fica na ponta traseira da fuselagem), que deve ser acionada em pousos com massa acima de 21.700 kg para fornecer energia extra à aeronave. O pouso real foi de 21.979 kg, no entanto a tripulação não ativou a RU-19.

A aproximação final era normal até cerca de 1000 metros antes da cabeceira da pista, mas, ao ultrapassar os 1000 metros e não avistar a pista, o comandante começou a reduzir a descida sem avisar os colegas no cockpit. Assim, nem o primeiro oficial nem o engenheiro de voo reagiram a tempo de aumentar a potência do motor para evitar a perda de velocidade no ar.

Com o excesso de massa de aterrissagem e os sistemas anti-gelo dos motores em operação, e uma deflexão significativa da coluna de controle para reduzir a descida, houve uma perda significativa de sustentação na asa esquerda, o que acelerou ainda mais a perda de velocidade no ar de 200 km/h para 140 km/h a 57 metros acima do solo (a velocidade de estol, que define a perda de sustentação, era de 154 km/h).

A tripulação então aplicou potência de decolagem, mas o comandante continuou aplicando comandos para impedir que a aeronave caísse, o que causou mais perda de velocidade (o correto seria aliviar os comandos para abaixar o nariz e ganhar velocidade). Voando sem sustentação, a aeronave rolou para a esquerda em 12 graus de ângulo de inclinação e depois para a direita em 52 graus de inclinação, atingindo o solo com sua asa direita.

Acidente Anotnov An-24 Donestsk 2013

Acidente Anotnov An-24 Donestsk 2013

Cinco passageiros sofreram ferimentos fatais, e 5 tripulantes e 3 passageiros sofreram ferimentos graves.

O relatório ucraniano aponta que a perda de velocidade para valores que causam perda de estabilidade e perda de controle foi causada por:

– falta de aumento da potência do motor ao reduzir a taxa de descida;
– aeronave 279 kg acima do peso máximo de pouso e não uso da unidade de potência auxiliar;
– deflexão significativa da calona de comando, que aumentou o ângulo de ataque para se tornar crítico e reduziu a sustentação na asa esquerda
.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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