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Por que as pistas de pouso às vezes mudam de numeração das cabeceiras?

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Você já deve ter reparado que as pistas dos aeroportos de qualquer lugar no mundo possuem numeração na cabeceira. Essa nomenclatura é muito importante para orientação do piloto nos procedimentos de alinhamento, aproximação e pouso das aeronaves. Mas você sabia que, às vezes, elas precisam mudar e isso causa um enorme trabalho para atualizar toda a sinalização de referência?

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Numeração sendo pintada em uma pista – Imagem: Bmurphy380 / CC BY-SA

Se você curte aviação, e como bom leitor do Aeroin, deve saber que as pistas não são nomeadas aleatoriamente. Os números em cada cabeceira são uma referência geográfica, indicando o ângulo de inclinação da pista em relação ao Norte magnético do Planeta Terra.

No Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, por exemplo, as pistas são nomeadas como 09L/27R e 09R/27L. Isso significa que as pistas estão alinhadas aproximadamente a 90º e a 270º em relação ao Norte.

“Aproximadamente” porque, na verdade, os números são arredondados para o décimo mais próximo. Os rumos magnéticos reais das pistas do GRU Airport são 094º e 274º.

As letras L e R são colocadas para distinguir pistas paralelas. Elas significam, respectivamente, ‘esquerda’ e ‘direita’, vindas do inglês “left” e “right”. Também é possível utilizar a letra C, de “central”, quando houver três pistas.

Para quatro ou mais, opta-se por alterar para o próximo número. Por exemplo, se em Guarulhos houvesse mais duas pistas, estas duas adicionais seriam chamadas de 10L/28R e 10R/28L.

Nos Estados Unidos, no Aeroporto Internacional de Austin-Bergstrom, na cidade de Austin, capital do estado do Texas, a pista 17L/35R, de 2.743 metros de extensão, está fechada para reformas. Quando for reaberta, em outubro, ela não poderá mais ser chamada assim.

Para entrar em operação, as cabeceiras precisarão estar identificadas como 18L/36R e toda sinalização vertical, horizontal e manuais de orientação precisarão ser atualizados a tempo para que não seja necessária uma nova interdição apenas para as modificações.  

Por que isso é necessário?

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Imagem: Andrew Nash from Vienna, Austria / CC BY-SA

O Centro Nacional de Informações Ambientais dos Estados Unidos (NCEI, na sigla em inglês) lembra que o campo magnético da Terra não é fixo e pode sofrer variações de até 40 milhas (64,4 km) por ano.

Quando isso ocorre a ponto de alterar significativamente o ângulo da pista em relação ao rumo magnético, a FAA, órgão que regulamenta a aviação civil dos Estados Unidos, intervém e determina a mudança. A atualização é muito importante para que pilotos, equipamentos de navegação de bordo e orientações do controle de voo estejam todos alinhados.

A revista norte-americana Wired, informa que erros nesse tipo de informação podem ser fatais. Em 2006, o voo 5191 da Comair, se acidentou após o pouso no Aeroporto de Lexington, no estado de Kentucky, porque o piloto se confundiu e pousou em uma pista muito curta. Apenas uma, das 50 pessoas a bordo, conseguiu sobreviver.

Por isso, órgãos regulatórios do mundo todo acompanham com atenção o campo magnético terrestre. No Brasil, a Anac estabelece essa verificação durante a atualização cadastral de aeródromos e aeroportos.

Como o movimento do polo magnético é muito pequeno em relação ao tamanho do planeta, mudanças do tipo são raras. Apenas um ou dois aeroportos passam por isso a cada ano, nos Estados Unidos, segundo o site Aviation International News.

Com informações The Drive.

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