Após polêmicas e 9 anos parado, Boeing 747 iraniano volta a voar

A maior companhia aérea privada do Irã reativou recentemente um Boeing 747-400 que havia sido armazenado desde 2010, após ter se transformado em objeto de problemas vinculados a sanções e a tentativas de apreensão por parte dos EUA e Europa.

Mahan Air   B747-422   EP-MNB

De matrícula EP-MNB, o Boeing 747-400 da Mahan Air fez um voo de teste em 27 de agosto e, de acordo com dados do Flightradar24, cumpriu alguns poucos voos domésticos entre Teerã, Mashad e Ilhas Kish, além de um voo para Bagdad, no Iraque.

Pode ser o retorno do jumbo às rotas da empresa iraniana?

A aeronave foi entregue à Mahan Air em 2009 e voou por pouco mais de um ano antes de ser armazenada no Aeroporto Imam Khomeini, em Teerã. O Jumbo de matrícula EP-MNB foi originalmente construído para a United Airlines em 1989 e vendido em 2006 para a Blue Sky, uma companhia aérea sediada em Yerevan, na Armênia, que operava voos fretados para a Mahan Air.

Tela do Radarbox com a rota da aeronave na última semana

Em 2009, a aeronave foi transferida para a empresa iraniana, mas, devido às sanções dos EUA que afetaram o setor de aviação iraniano, a aeronave foi considerada transferida ilegalmente para a Mahan Air. Dois outros ex-United 747-400s foram adquiridos pela Mahan Air através do Blue Sky em um método semelhante em novembro de 2008.

Após a compra dessas aeronaves, vários governos estrangeiros expressaram sua vontade de apreender os 747s como resultado da maneira como as aeronaves foram transferidas, colocando a empresa aérea na lista negra de sanções.

Por conta disso, a Reuters informou na época que um dos intermediários no negócio, o Balli Group da Grã-Bretanha, pagou posteriormente US$ 2 milhões em multas criminais e US$ 15 milhões em multas civis vinculadas às mesmas acusações. A empresa BlueSky também foi acusada de facilitar o negócio.

Quando veio a ordem para devolver os 747 para a Europa, a companhia aérea do Irã disse que não poderia fazê-lo, porque eles alegaram estarem sendo investigados pelas autoridades locais por fraude e que a aeronave tinha que ser mantida no Irã.

Veja também: Mahan Air na Venezuela: Seria a volta do “aeroterror”?

Um ano depois a aeronave foi parada, embora não esteja claro o real motivo e a hipótese de falta de peças de reposição tenha sido a mais aceita. No entanto, mais misteriosa ainda é a volta da aeronave aos céus.

EP-MNB

Por onde ele tem voado?

Agora que o 747 está de volta ao serviço, ele pode ser acompanhado através dos aplicativos de monitoramento de voos. Recentemente, ele foi visto operando voos entre o Aeroporto Internacional Mehrabad de Teerã, Mashhad e Ilha Kish. A aeronave de 30 anos também realizou um voo internacional para Bagdá em 15 de setembro.

Por dentro, a aeronave está configurada com 14 assentos na primeira classe, 72 assentos na classe executiva e uma cabine econômica de 260 assentos.

A Mahan Air foi severamente impactada pelas sanções impostas pelo governo dos EUA contra ela e outras companhias aéreas iranianas. Os EUA acusaram o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) de usar a Mahan Air para transportar armas e soldados no Oriente Médio no passado. A companhia aérea privada foi proibida de voar para a Alemanha e a França em 2019.

MAHAN AIR 747-400 EP-MNB(cn740)

Em 8 de abril, a Mahan Air operou um voo único para Caracas, a partir de Teerã. O voo ganhou manchetes nos EUA, e políticos, incluindo Marco Rubio, usaram o voo como uma maneira de destacar que “o regime de Maduro é uma ameaça à segurança nacional dos EUA”.

Mais recentemente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pressionou a Itália a proibir a Mahan Air em um esforço para cumprir as sanções dos EUA contra a transportadora e o país. O governo italiano ainda não tomou uma decisão e a Mahan Air anunciou recentemente sua intenção de aumentar seu serviço de Roma para voos duas vezes por semana a partir de 29 de outubro de 2019.

Em termos de sua frota de Boeing 747, a Mahan Air também opera um 747-300 ativo e possui mais uma unidade da série -400 armazenada. A frota da transportadora também inclui oito A300-600, um A300-600R, nove A310-300, cinco A340-300, seis A340-600, quatro ARJ-100, quatro ARJ-85, um BAe 146-200 e seis BAe 146-300.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

Veja outras histórias

Com avião da Mônica, recomeçam os voos de passageiros no SJK...

0
O Aeroporto Internacional Professor Urbano Stumpf, também conhecido como SJK Airport, acaba de voltar a contar com voos comerciais de