Por que a Passaredo voou com um Embraer E120 preto?

Entre os anos de 2008 e 2011, a Passaredo Linhas Aéreas voou com o turboélice Embraer E120 Brasília de matrícula PR-PSD e, durante grande parte desse período, ele ostentou em sua fuselagem uma vistosa coloração preta, complementada com a logo e o nome da empresa em prata e uma faixa vermelha lhe cortando de ponta a ponta.

Rapidamente, o diferenciado Embraer E120 recebeu o apelido de “Batmóvel” entre os profissionais da aviação em Guarulhos, uma brincadeira em recordação ao carro super potente do homem-morcego.

Pelos detalhes e pela distinção do restante da frota, muitos se questionavam, naquela época, se tratava-se de alguma pintura especial ou comemorativa. Mas a verdade é que a pintura foi resultado de pura conveniência dado o momento da empresa.

Que Brasília é esse

Voltando um pouquinho no tempo, relembramos que, após passar dois anos fechada e retornar em março de 2004, a Passaredo via no final dos anos 2000 sua segunda onda de crescimento e talvez a maior de sua história até aqui. Naqueles dias, a empresa chegou a voar com mais de uma dezena de jatos Embraer E145.

Passando por um bom momento, com novas parcerias e um apetite por competir em rotas regionais de mais longo curso, a empresa investiu na ampliação de sua frota, até então formada por dois Brasílias. Com isso, um pouco antes dos primeiros jatos, mais duas aeronaves do modelo E120 chegaram à frota, dentre elas o belo Embraer de número de série 120118, comprado da americana Stuart JetCenter, uma empresa especializada em compra e venda de aeronaves.

Rapidamente falando, essa aeronave tem uma bonita história na aviação americana, tendo sido entregue à Continental Express em fevereiro de 1989 e voado em rotas regionais dos EUA até novembro de 2000, quando foi repassada à Champion Air, uma empresa de fretamentos do milionário e corredor da Nascar Dale Earnhardt. Foram sete anos nessa empresa, antes de ser adquirida pela Stuart e, então, pela Passaredo.

Assim, em janeiro de 2008, o avião pousou em Ribeirão Preto já na cor preta e, alguns dias depois ele recebeu as marcas da Passaredo em tom prateado, sendo rapidamente incluída na malha aérea da regional brasileira. Certamente, após um ano parada nos EUA, e com os cheques em dia para voar imediatamente, isso favoreceu o planejamento de frota da empresa de Ribeirão Preto, que precisava parar um dos seus outros Brasília para uma manutenção não programada.

Por que a cor preta

Agora que sabemos da história do avião, é possível compreender o motivo da cor preta, totalmente herdada da própria Champion Air e que, por estar em excelente estado de conservação, a alternativa mais fácil era customizar apenas a logo da Passaredo ao invés do avião todo.

Quando novas aeronaves chegaram, a Passaredo viu então a oportunidade de trocar a pintura desse Brasília em meados de 2009, um ano e meio depois de sua chegada, adequando-a à sua identidade visual da época, a qual é usada até os dias hoje, com pouca variação.

A Champion Air também voou outros Embraer com sua bonita pintura

Que fim levou esse E120

Consta do registro do Aeromuseu que essa aeronave deveria ter sido repassada à Air Amazônia mantendo o mesmo prefixo, mas isso acabou não acontecendo, até que, em 2011, a aeronave foi aposentada e colocada num gramado em frente ao hangar principal da Passaredo em Ribeirão Preto.

Por algum tempo, ela manteve a pintura básica, mas a última vez que vimos (há alguns anos), ela já estava totalmente branca. A imagem do Google Maps abaixo mostra a localização daquele que foi o PR-PSD ao lado de outro Brasília também fora de serviço.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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