Por que há tantos aviões voando nos Estados Unidos, mesmo durante a pandemia?

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A crise que vive a aviação mundial congelou o setor. Em todo o mundo, pessoas não estão mais viajando por conta de vários fatores, como o medo de ir a zonas de maior risco ou mesmo por causa das fronteiras fechadas em vários lugares do mundo. Ainda assim, o governo dos Estados Unidos tem obrigado as empresas a voarem aviões praticamente vazios.

Imagem do FR24 mostra céus lotados nos EUA

Durante esses tempos de pandemia, a Transportation Security Administration (TSA) tem emitido relatórios diários com a quantidade de pessoas que embarcam em aviões nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira (20), por exemplo, foram 99 mil pessoas viajando contra 2,5 milhões do mesmo dia do ano passado, o que mostra que há uma parada de mais de 95%.

Ainda assim, mesmo com a maior parte do país ficando em casa, você se depara com o céu lotado de aviões quando abre um aplicativo de rastreamento de voos como o FlightRadar24, por exemplo.

Muitos, inclusive, têm usado capturas de tela do FR24 como suporte a teorias de conspiração, sem entender a real motivação para que isso esteja acontecendo. Bobagem. Há, de fato, dois movimentos.

Um deles é que uma boa parte das aeronaves de passageiros estão realizando voos cargueiros para levar suprimentos e insumos médicos aos quatro cantos do país. Mas essa não é a principal razão de tantos voos.

Acontece que o governo federal está forçando os aviões a permanecerem no ar. De acordo com o Departamento de Transporte dos EUA, as companhias aéreas são elegíveis a parte do resgate de US$ 25 bilhões que o governo Trump oferece se mantiverem “requisitos mínimos de serviço“.

“Batendo Lata”

É por isso que, embora o número de passageiros tenha caído, os voos ainda estão decolando por todos os Estados Unidos. Na verdade, esse é um aspecto criticado fortemente pelas empresas aéreas, que dizem que, embora o número de passageiros tenha caído 95%, o número de voos caiu apenas 50%. Acontece que voos que antes estavam cheios estão agora “batendo lata” (jargão aeronáutico para dizer que estão vazios).

Esse fator é diferente do que acontece no Brasil, por exemplo, onde a ANAC fez um acordo com as empresas aéreas para que mantivessem uma rede essencial, sem precisar voar aviões completamente vazios. Por isso que o Brasil tem tão poucos voos, enquanto nos EUA há um “enxame” de aviões.

Pedido de exceção

Na prática, as condições do resgate federal estipulam que, se uma companhia aérea fazia uma rota pelo menos uma vez por dia, cinco vezes por semana antes de 1º de março, ela deve continuar a fazê-lo durante a pandemia – ou solicitar uma exceção. Com base nisso, todas as grandes empresas americanas pediram exceção e o Departamento dos Transportes decidiu por negar a maioria delas, alegando que o país não pode ficar sem conectividade.

As empresas já pediram para comercializar passagens umas das outras, mas isso está em estudo. No entanto, embora tímidos, há sinais de planos de estímulo que foquem em políticas mais flexíveis e ambientalmente amigáveis, as quais poderiam perdurar muito além da pandemia, a caminho de um mundo melhor e mais livre de resíduos no futuro.

Dá para entender a lógica do Estado americano, mas também dá para entender as empresas aéreas que dizem não fazer sentido obter dinheiro, tendo que gastar dinheiro.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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