Com problema de flap, Boeing 747 alterna e declara mínimo combustível

A tripulação de um Boeing 747 declarou condição de mínimo combustível durante um pouso alternado quando chegava de um voo de 10 horas, após a aeronave apresentar problema de flaps.

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Boeing 747-400 da British Airways

A aeronave envolvida foi o Boeing 747-400 registrado com a matrícula G-CIVO, da companhia aérea British Airways, que realizava o voo de número BA-273 de Londres-Heathrow (Reino Unido) para San Diego (Estados Unidos) na última quinta-feira, dia 23 de janeiro.

Segundo informações do The Aviation Herald, o Jumbo inglês estava se aproximando de San Diego quando a tripulação avisou que precisava parar a descida em torno dos 5000 pés de altitude, e solicitou entrar em órbitas de espera. A liberação de aproximação foi cancelada e a aeronave entrou em espera na altitude solicitada.

Cerca de 5 minutos depois, tendo completado apenas uma órbita, a tripulação solicitou alternar para Los Angeles, um pouco ao Norte de San Diego, relatando que eles tinham um problema de flaps (as superfícies que se abaixam na parte de trás da asa para pousos e decolagens), e declarando combustível mínimo ao mesmo tempo.

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O Boeing 747 durante sua órbita em San Diego – Imagem: FlightRadar24

A escolha pelo destino de alternativa provavelmente se deveu ao comprimento das pistas envolvidas, uma vez que a operação sem a utilização de flaps faz com que a aeronave pouse em maior velocidade, aumentando sua distância de parada.

San Diego conta com uma única pista de 2865 metros, enquanto Los Angeles possui quatro pistas e a maior delas chega aos 3939 metros.

O que significa declarar “combustível mínimo”?

Segundo a Administração de Aviação Federal dos Estados Unidos, a FAA, o Manual de Informações Aeronáuticas (AIM) e o Glossário do Piloto / Controlador definem “combustível mínimo” como o seguinte: “Indica que o suprimento de combustível de uma aeronave atingiu um estado em que, ao atingir o destino, pode aceitar pouca ou nenhuma demora. Esta não é uma situação de emergência, mas apenas indica que uma situação de emergência é possível caso ocorra qualquer situação de atraso”.

Também segundo a FAA, isso indica o reconhecimento por um piloto de que o suprimento de combustível atingiu um estado em que, ao chegar ao destino, o piloto não pode aceitar qualquer atraso indevido. Um aviso de combustível mínimo não implica a necessidade de prioridade no tráfego, como na emergência. O bom senso e um bom julgamento determinarão a extensão da assistência a ser prestada em situações assim.

Se, a qualquer momento, o suprimento de combustível utilizável restante sugerir a necessidade de prioridade no tráfego para garantir uma aterrissagem segura, o piloto deve declarar uma emergência e comunicar o nível de combustível restante (em minutos de voo).

Seguindo para LAX

A aeronave então subiu para 10000 pés e deslocou-se até Los Angeles, onde aterrissou na pista 25L cerca de 35 minutos depois de parar a descida para San Diego. O pouso ocorreu a uma velocidade um pouco acima do normal devido à falha no sistema de flaps, mas sem qualquer incidente.

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A situação, apesar de não ser uma emergência, causa algum estranhamento, já que todo voo deve, obrigatoriamente por regulamentação, ter combustível suficiente para chegar ao destino com sobras suficientes para ainda fazer algum tempo de espera e só depois seguir para a alternativa.

Então, aparentemente, o Boeing 747 não deveria estar na condição de mínimo combustível imediatamente ao chegar em San Diego. Mas há que se considerar, ainda, que condições em rota podem influenciar, como, por exemplo, ventos contrários. Somente os pilotos podem dizer o que os levou a tal situação.

No dia seguinte, o Boeing 747 G-CIVO já retornou ao serviço, quando assumiu o voo BA-9172 de Los Angeles para Londres.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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