Professores processam a Delta por despejar combustível de avião sobre escola

Quatro professores estão processando a Delta Airlines depois que um de seus aviões despejou combustível sobre uma escola na região de Los Angeles durante uma aproximação de emergência.

Delta

O incidente com o Boeing 777-200ER da Delta aconteceu no dia 14, quando o avião, de matrícula N860DA, foi forçado a retornar ao Aeroporto Internacional de Los Angeles por causa de um estol no compressor de alta pressão em um dos seus motores.

O voo 89 estava destinado a Xangai e seguia incrivelmente vazio naquele dia, com apenas 167 passageiros e 15 membros de tripulação.

A ação dos pilotos foi correta para reduzir o peso e permitir um pouso mais próximo possível do peso máximo de pouso (MLW). O pouso acima do MLW pode danificar permanentemente a aeronave e causar outros acidentes. No entanto, esses procedimentos devem ser realizados a altitudes mais elevadas e sobre zonas não-habitadas. Além disso, a FAA abriu inquérito para entender o por quê dos pilotos não haverem comunicado ao controlador de tráfego aéreo que fariam tal procedimento.

Horas mais tarde, a Delta confirmou que o avião havia descarregado o combustível para reduzir o peso da aterrissagem, na medida em que reclamações chegavam aos diversos veículos da mídia americana. Eram pessoas que reclamavam terem sido atingidas pelo combustível.

Segundo a ABC News, quase 60 pessoas foram atendidas após terem sido atingidas na rua e em seis escolas locais, muitas delas crianças. No total, foram despejados 56 mil litros de combustível de aviação durante o procedimento.

Imagem: Flighradar24

Professores processam

Quatro professores da escola primária Park Avenue estavam do lado de fora com seus alunos na última terça-feira, quando notaram um avião voando a uma altitude muito baixa.

“Comecei a sentir gotas de combustível de avião chovendo no céu. Meus alunos pensaram que estava chovendo”, disse à ABC um dos quatro educadores, que pediu para permanecer anônimo. “Então o líquido invadiu nossos olhos, bocas, nariz, pulmões e pele. Meus alunos começaram a gritar e a chorar porque seus olhos e pele estavam queimando.”

Os quatro professores estão agora buscando indenizações relacionadas com o incidente. Os professores entraram com o processo no Tribunal Superior de Los Angeles na sexta-feira. Segundo o Los Angeles Times, o processo diz que o combustível de aviação é perigoso para os seres humanos e cita a Agência dos EUA para Registro de Doenças e Substâncias Tóxicas.

“Os reclamantes podiam sentir o combustível em suas roupas, olhos e pele”, disse um advogado dos professores, acrescentando que o combustível “também penetrava na boca e no nariz, produzindo uma irritação severa e duradoura”.

A Delta ainda não comentou a ação.

Como a ação dos professores é recente, a Delta ainda não foi intimada por ela, no entanto, a empresa aérea já foi citada pelo Distrito de Gerenciamento da Qualidade do Ar da Costa Sul por uma violação legal relacionada com a poluição do ar.

Isso ocorre depois que a Federal Aviation Administration (FAA) abriu uma investigação sobre o incidente imediatamente após o pouso de emergência. As regras da aviação dizem que os aviões podem despejar combustível em pousos de emergência, mas devem seguir regras de local e altitude para isso.

Na quarta-feira, a FAA disse que a tripulação liberou o combustível sem informar o controle do tráfego aéreo.

Uma transcrição das transmissões de rádio tornada pública após o incidente revelou que o piloto havia dito inicialmente aos controladores que não havia necessidade de despejar, antes de liberar o combustível minutos mais tarde.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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