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Quais são os voos que a estreante Itapemirim terá nos próximos três meses?

O início da operação de qualquer empresa aérea é um momento crucial para que a nova entrante sinta o mercado, isto é, analise a reação de todos os stakeholders à sua entrada. Isso deve incluir clientes, funcionários, concorrência e fornecedores. Um ingrediente adicional desse momento, e que será considerado, é a pandemia, que não está totalmente controlada e que, portanto, eleva as incertezas sobre a demanda e os custos.

Também é o momento-chave de começar ajustar procedimentos internos e ouvir os feedbacks para assegurar que um processo de melhoria contínua esteja funcionando e visando à sustentabilidade do negócio. Dito isso, o natural é que, nos primeiros meses, a empresa se arrisque menos.

No caso da Itapemirim, o início será marcado por sua entrada em algumas rotas-chave, entre grandes centros, e batendo de frente com a concorrência das grandes aéreas nacionais (Azul, Gol e Latam).

Como falamos mais cedo, a empresa pediu (e teve autorizados) voos em 153 trechos, a maioria deles iniciando de outubro de 2021 em diante. No entanto, é muito cedo para afirmar que esses vão, de fato, ocorrer, portanto, vamos concentrar essa análise nos primeiros três meses de operação – julho, agosto e setembro de 2021.

Um trimestre chave

O terceiro trimestre do ano será importante. Os dados da ANAC mostram que a empresa está preparando, para esse período, um total de 76 voos, listados abaixo por ordem de dia e hora de início. Note que há o viés de ser um período de alta temporada em que, mesmo com a pandemia, destinos no Nordeste têm maior apelo, por isso faz sentido ver Porto Seguro, por exemplo, na lista.

Importante: Todos os horários mostrados são UTC, ou seja, precisa subtrair 3 horas para se obter a hora de Brasília (ex. 9h05 refere-se a 6h05 da manhã de Brasília). Os horários podem ser ajustados com o passar dos meses e os ajustes de malha, na medida em que mais aeronaves chegam.

Como se vê, a empresa entrará com uma malha aérea relevante. Há uma notada concentração em São Paulo e no Rio de Janeiro e ligações com grandes centros metropolitanos do sul, sudeste e nordeste, locais onde, naturalmente, a demanda é maior.

Por outro lado, esses também são os mercados-chave das grandes aéreas nacionais, que tendem a responder de maneira contundente. Com isso, a Itapemirim deverá oferecer passagens mais baratas para conquistar clientes e tentar morder um pedaço desse bolo, no entanto, será importante (e interessante) acompanhar sua estratégia de posicionamento e ativação de clientes, em outras palavras, como e quanto ela vai gastar em promoção de marca.

Por fim, ainda não está totalmente claro como a empresa pretende integrar os modais rodoviário e aéreo e se isso será, de fato, uma vantagem.

Nota: nos primeiros dois dias da operação, serão realizados voos especiais. Em 29 de junho, uma viagem de São Paulo a Brasília (e a volta), marca o pontapé da empresa. No dia seguinte, dez voos decolam e pousam em Guarulhos, em operações aparentemente pontuais e com números de voos temporários (iniciados em “9”). Esses não entraram na análise.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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