Quase 200 aeroportos estão próximos de irem à falência na Europa

Aeroporto Internacional de Milão-Malpensa, na Itália. IMAGEM: Opeth Painter via Wikimedia

Um estudo publicado pelo Conselho Internacional de Aeroportos da Europa (ACI Europe) aponta para o risco de falência de 193 aeroportos do continente nos próximos meses. O cenário é resultado da crise causada pela pandemia de COVID-19 que arrasou o transporte aéreo em todo o mundo.

A organização, que defende os interesses das empresas aeroportuárias juntos aos governos locais, afirma que a Europa corre o risco de “colapso de uma parte significativa de seu sistema de transporte aéreo”, a menos que os governos forneçam mais apoio financeiro ao setor. Atualmente, existem 740 aeroportos operando voos comerciais no continente, que significa que 26% da malha aérea está sob ameaça.

Os 193 terminais ameaçados de fechamento definitivo são, em sua maioria, instalações regionais, localizadas no interior dos países e que sofreram com mais intensidade a suspensão das viagens aéreas em meio à pandemia do novo coronavírus. No entanto, a ACI ressalta que os grandes aeroportos das capitais não estão imunes ao problema. Muitos já chegaram ao limite das reduções de custo e estão recorrendo a empréstimos públicos para manter a operacionalidade.

De acordo com a ACI, o sistema aeroportuário europeu sustenta 277 mil empregos e contribui com € 12,4 bilhões para o PIB do continente. No documento, a organização afirma que a ameaça de fechamento dos aeroportos significa que a Europa enfrenta a perspectiva de colapso de uma parte significativa de seu sistema de transporte aéreo – a menos que os governos intensifiquem a ajuda financeira ao setor.

1,29 bilhão de passageiros a menos

No início de outubro, a organização divulgou dados que mostram o grau da paralisação do transporte aéreo no continente europeu. Houve uma queda total de 73% no tráfego de passageiros em 2020, na comparação com o ano passado, isso mesmo considerando a lenta reabertura iniciada em junho.  Foram 172,5 milhões de passageiros a menos somente em setembro, o que eleva o volume total de clientes perdidos desde janeiro de 2020 para 1,29 bilhão.

Em meados de outubro, o tráfego de passageiros ficou 75% abaixo do mesmo período de 2019, chegando a uma redução de 80% para os aeroportos de influência da União Europeia, Espaço Econômico Europeu, além de Suíça, que não faz parte de nenhuma organização, e Reino Unido, em processo de saída do bloco multilateral.

Testagem em massa

As diferentes organizações que representam os interesses das companhias aéreas locais, como IATA e a própria ACI, culpam as quarentenas impostas aos passageiros que desembarcam em diversas regiões do mundo como as principais responsáveis pelo desestímulo às viagens internacionais, mesmo após a reabertura das fronteiras em muitos países. As representações pedem um protocolo de testes em massa em todos os viajantes para garantir a segurança sanitária e salvar os negócios.

O Diretor-Geral da ACI EUROPE, Olivier Jankovec , disse por meio de comunicado à imprensa que durante esta segunda onda de contaminação que aflige vários países, garantir viagens aéreas seguras é a principal preocupação do órgão. “É fundamental reduzirmos os riscos de importação e disseminação tanto quanto possível. Mas, certamente, podemos fazer um trabalho muito melhor para reduzir esses riscos testando passageiros aéreos, em vez de quarentenas”, destaca Jankovec.

“Os números publicados pintam um quadro dramaticamente desolador. São oito meses na crise, todos os aeroportos da Europa estão queimando dinheiro para permanecerem abertos, com receitas longe de cobrir os custos das operações, muito menos custos de capital. A atual imposição de quarentenas pelos governos está deixando os aeroportos da Europa mais perto do limite, a cada dia que passa”, finaliza.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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