Quebra do trem de pouso do Boeing 777 foi causada por corrosão, aponta relatório

Um relatório final de investigação, divulgado na última quinta-feira (26) pela autoridade japonesa de investigação de acidentes JTSB, apontou que a ocorrência de corrosão no trem de pouso principal foi classificada como fonte altamente provável da falha que causou a quebra da estrutura.

Incidente 777 Korean Trem de Pouso Quebrado

O incidente, gravado no vídeo abaixo, ocorreu com o Boeing 777-300 de matrícula HL7573 da Korean Air quando pousava no aeroporto internacional de Narita, em Tóquio, em 29 de junho de 2018, e foi classificado como grave pela JTSB.

Note no vídeo que, após o pouso, a aeronave permaneceu soltando fumaça pelo trem de pouso principal direito por causa da queima da borracha dos pneus que se arrastaram pela pista em função da quebra.

Segundo o relatório, o piloto informou que não notou a falha, continuando o deslocamento da aeronave sem sentir qualquer necessidade de aplicar potência extra para se mover.

Cerca de 4 minutos depois, o piloto de uma outra aeronave comunicou ao controlador de voo da Torre de Narita que notou fumaça saindo das rodas do Boeing 777 da Korean após o pouso.

O controlador avisou o piloto da Korean sobre a ocorrência, e o mesmo parou a aeronave na posição em que se encontrava, já em um dos pátios do aeroporto. Uma inspeção pela pista de pouso encontrou peças do trem de pouso.

Veja na imagem abaixo a posição azul onde foram encontradas as peças, a aeronave verde que comunicou à Torre e a aeronave vermelha indicando a posição final do 777.

Incidente 777 Korean Mapa JTSB
Mapa da JTSB mostra posição do incidente

Os investigadores passaram então a fazer uma análise aprofundada das peças do trem de pouso colapsado para descobrir se houve alguma carga excessiva acima do limite de resistência do material, causada por algum pouso duro, ou se a quebra teria ocorrido por outros motivos, como defeito de fabricação ou falha de manutenção, por exemplo.

Descobriu-se pelas peças coletadas que o eixo que fixava as duas rodas traseiras do trem de pouso do Boeing 777 havia se quebrado ao meio.

Incidente 777 Korean Trem de Pouso Quebrado

Incidente 777 Korean Trem de Pouso Quebrado
Eixo partido ao meio

A investigação das peças da região quebrada identificou que a falha ocorreu pelo crescimento de uma trinca, e que essa trinca originou-se de corrosão encontrada entre o eixo e a bucha de seu encaixe.

Outros eixos foram desmontados e também foram encontradas corrosões nos mesmos, levando à suspeita de uma possível falha de procedimento de manutenção.

Após as investigações, a JTSB concluiu que houve aplicação de uma graxa mais grossa do que a correta na região em uma manutenção executada em 2009, e que o pivô possuía um diâmetro ligeiramente maior do que o correto, fato que não foi identificado na manutenção de 2009.

Estes fatores impediram a livre rotação do pivô, que travou com a bucha e fez a mesma rotacionar, danificando a selagem entre a bucha e o eixo e permitindo que água entrasse na região.

Incidente 777 Korean Trem de Pouso Quebrado
Corrosão em outras peças do trem de pouso

Tudo isso, associado a uma outra falha de não aplicação de produto inibidor de corrosão na região, levou à ocorrência da corrosão, da trinca e da quebra.

Apesar das falhas, foi identificado que, após 2009 e antes do incidente, o Manual de Manutenção já havia sido revisado para indicar a necessidade de aplicação do produto inibidor de corrosão, mas a aeronave ainda não havia atingido o tempo para nova manutenção na região afetada.

A JTSB concluiu que “É altamente provável que a corrosão gerada no furo do pivô tenha sido causada pela penetração de água, causada pela falha do selo de vedação devido à rotação das buchas e à não aplicação de produto inibidor de corrosão.”

No mês passado um fato semelhante ocorreu com um ATR, que deve as duas rodas dianteiras arrancadas no pouso:

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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