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Queda do A330 da Air France após partir do Brasil deve voltar a julgamento

Avião Airbus A330-200 Air France AF447
O A330-200 que caiu no Atlântico – Imagem: Cweyer / CC by 3.0, via Wikimedia Commons

A Air France e a Airbus devem ser julgadas pelo acidente aéreo de 2009 que matou todas as 228 pessoas a bordo após partir do Brasil. A decisão desta quarta-feira, 12 de maio, vem de um tribunal de apelações francês, que anulou uma decisão anterior de não levar adiante as acusações.

O voo 447 da Air France, que era cumprido com o jato Airbus A330-200 de matrícula F-GZCP, caiu no Oceano Atlântico no caminho do Rio de Janeiro para Paris em 1º de junho de 2009, depois que o jato entrou em estol (perdeu sustentação) durante uma tempestade. A bordo estavam 216 passageiros e 12 tripulantes.

Segundo o France24, nesta quarta-feira, os juízes franceses disseram que os dois grupos – empresa aérea e fabricante – deveriam ser julgados por “homicídio culposo”, segundo um porta-voz do tribunal de apelações, em data ainda a ser definida.

A Air France e a Airbus foram submetidas a uma investigação formal em 2011 pela mesma acusação. A decisão de quarta-feira anula uma decisão de 2019 contra um julgamento, com os juízes da época culpando o erro humano pelo acidente, dizendo que “o acidente é evidentemente devido a uma conjunção de elementos que nunca haviam ocorrido antes e, portanto, destacaram perigos que não poderiam ter sido percebida antes deste acidente”.

Danièle Lamy, presidente da Entraide et Solidarité AF447, a principal organização para os parentes das vítimas, disse que é uma imensa satisfação ter a sensação de finalmente ter sido ouvido pelos tribunais. “Lamentamos, no entanto, ter demorado doze longos anos para chegar lá”, acrescentou ela.

Tanto a Airbus quanto a Air France já disseram que apelarão da decisão de hoje. A Air France afirmou em comunicado que tomou nota da decisão e afirma que não cometeu qualquer falta criminal neste acidente, por mais trágico que tenha sido. A Airbus disse: “A decisão do tribunal que foi anunciada não reflete de forma alguma as conclusões da investigação que levou ao arquivamento do caso”.

O caso de longa duração gira em torno de como os pilotos da Air France responderam à perda de leituras de velocidade depois que as sondas pitot, sensores que ficam fora do avião, foram bloqueados com gelo, o que significa que o piloto automático parou de voar o avião e os pilotos tomaram controle manual.

Os promotores colocaram a culpa na Air France pelo treinamento inadequado de seus pilotos e na Airbus por ter subestimado a gravidade das falhas das sondas pitot. Uma investigação civil de 2012 pelo BEA, o escritório francês de investigação de acidentes aéreos, enfatizou a falha das sondas pitot, a falha da tripulação em diagnosticar a situação de estol e, consequentemente, a falta de informações que teriam possibilitado a recuperação, a falta de uma exibição clara do problema de velocidade no cockpit e a falta de treinamento.

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