Retrospectiva: Boeing 787 Dreamliner completa 10 anos do seu 1º voo

Em 15 de dezembro de 2009 decolava pela primeira vez o Boeing 787 Dreamliner, o jato que mudou de vez o mercado aéreo de longo curso.

Boeing 787 Dreamliner
Primeira decolagem do 787 Dreamliner © Boeing

O fato histórico aconteceu às 10h27 daquele dia, no Paine Field Airport, na cidade de Everett, localizada ao norte de Seattle e no estado americano de Washington. O primeiro voo durou três horas e marcou o início da trajetória de um dos projetos de maior sucesso da Boeing.

De lá para cá foram 1.487 encomendas, sendo que 918 jatos já foram entregues das três versões: 787-8, 787-9 e 787-10, respectivamente da menor para a maior.

Outro número que impressiona é o número de rotas voadas com o Dreamliner: são mais de 1.900 hoje, sendo que 233 destas são rotas novas e se tornaram possíveis por causa das novas tecnologias e economia trazida pelo modelo. Dentre elas, estão três no Brasil: Adis Abeba – São Paulo com a Ethiopian Airlines, Montreal – São Paulo com a Air Canada e Londres – São Paulo com a Virgin Atlantic, que se inicia no próximo ano.

Início turbulento

O Boeing 787 Dreamliner chamou a atenção desde o início pela sua revolução que causaria no mercado e as agressivas reduções de custo que geraria aos operadores, algo que a fabricante prometeu e cumpriu.

Dentre elas, estavam o fim das persianas tradicionais, substituídas por um gel eletrificado que fica entre dois vidros, permitindo um escurecimento gradual da janela. Outro item “elétrico” no avião foi o sistema de pressurização, onde não seria mais feito utilizando ar comprimido advindo do motor, mas sim motores elétricos.

Toda essa mudança na elétrica obrigou a aeronave A ter uma bateria mais potente: é aqui que entrou a bateria de lítio, o calcanhar de aquiles do projeto no terceiro ano de operação.

Em janeiro 2013 foram dois incidentes com fogo a bordo no Japão, com as duas companhias de bandeira do país: a ANA e a JAL. Nas duas ocasiões, curto-circuitos nas baterias de lítio causaram o fogo.

A agência reguladora dos EUA, a FAA, afirmou que a Boeing não trabalhou o projeto do 787 para conter adequadamente o fogo e evitar novos curtos-circuitos. Foram então quatro meses com toda a frota de 787 paralisada no mundo todo, sem poder voar. Os aviões só puderem voltar em abril de 2013, após a Boeing redesenhar a bateria e seus sistemas.

Em 2018 outro problema surgiu, desta vez fora do alcance da Boeing e com os motores Rolls-Royce Trent 1000, que começaram a apresentar rachaduras precoces nas pás dos compressores. Novamente, as aeronaves foram mantidas no chão, mas desta vez em escala bem menor, já que muitas companhias aéreas não foram afetadas por terem optado pelo motor General Eletric GEnx.

Avião Boeing 787 LATAM Airlines
Imagem: LATAM Airlines

Atualmente, a aeronave não passa por nenhum grande problema e opera voos em todo o globo diariamente em 56 companhias aéreas diferentes.

Maioria destas rotas são as chamadas “thin and fin” que são voos de longo curso mas com demanda não suficiente para os maiores jatos do mundo, mas que o 787 fez possível dado sua economia de 30% no consumo de combustível em relação a geração anterior, somado com o tamanho adequado do jato: são apenas 248 passageiros no menor 787-8.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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