O agravamento das disputas entra a Ryanair e seus tripulantes tem criado confusão entre os clientes da companhia hoje, causando pânico enquanto viajantes correm para salvar os planos de viagem interrompidos pelas greves.
Viajantes com bilhetes dos aeroportos afetados relataram uma corrida online para encontrar opções alternativas com a companhia aérea irlandesa ou mudar para outras companhias. Os preços subiram em espiral, já que centenas de pessoas perseguiram os mesmos assentos.
“Estou cético em relação à Ryanair agora”, disse a estudante de moda Fabienne Goetsch, de Copenhague, que adiou uma viagem para Dusseldorf, na Alemanha, depois de encontrar somente passagens alternativas que estavam além de suas possibilidades de pagamento. “Eu não vejo minha família há meses e é um fim de semana especial porque é o aniversário da minha avó.”
A Ryanair cancelou mais de 400 vôos nesta sexta-feira (10), interrompendo os planos de viagem de pelo menos 55 mil pessoas, enquanto a disputa trabalhista alcançou um novo pico, com paralisações de pilotos na Alemanha, Irlanda, Bélgica, Suécia e Holanda. Isso excede os 300 cancelamentos em dois dias no mês passado, quando as tripulações na Espanha, Itália, Portugal e Bélgica entraram em greve.
A companhia aérea disse que a maioria dos passageiros afetados foi acomodada em seus outros voos e que todos foram informados o mais cedo possível sobre a opção, bem como o direito a reembolso ou reencaminhamento. Mais de 2000 voos, ou 85% do cronograma, estão operando normalmente.
“Queremos novamente pedir desculpas aos clientes afetados por essa interrupção desnecessária e pedimos aos sindicatos em greve que continuem as negociações, em vez de fazer mais greves injustificadas”, disse a companhia aérea por e-mail.
Entre os passageiros que acabaram comprando assentos que não precisavam, estava Pico Wilbrenninck, um corretor de imóveis em Roterdã, cuja esposa e filhos deviam voar de volta de Reus, na Espanha. Confrontado com cancelamentos e incapaz de encontrar lugares alternativos com a Ryanair, desembolsou bilhetes na Vueling, apenas para depois ouvir da Ryanair que o serviço original funcionaria afinal.
“Não está claro onde vou receber um reembolso”, disse Wilbrenninck à Bloomberg depois de gastar $500 euros ($573 dólares) nas tarifas adicionais. “Quem é responsável – a união de pilotos ou a Ryanair? Onde eu denuncio minha reivindicação?
Arlette Moerman, uma gerente de projeto de Roterdã, teve mais sorte depois que seu voo para Lisboa, que faria com mais cinco familiares, parecia prestes a ser cancelado. Com a Ryanair oferecendo uma alternativa que limitava suas duas semanas de férias para apenas quatro dias, ela conduziu sua própria pesquisa e estava preparada para comprar passagens em outra companhia, quando sua caixa de entrada recebeu um e-mail dizendo que a viagem original estava confirmada.
“Só ficarei confiante quando estivermos no ar e voando”, disse Moerman, acrescentando que ela entende as razões da greve, citando a cultura corporativa da Ryanair.
Parte da confusão pode ter se originado das tentativas da companhia aérea de manter aviões voando em projetos de utilizar pilotos de países que não entraram em greve para operar em bases onde as equipes locais pararam de trabalhar.
O sindicato de piloto da Alemanha, cujos membros pararam por 24 horas a partir das 3h01 desta sexta-feira, alertou a Ryanair para esperar mais greves. O sindicato diz que a empresa não demonstrou disposição para melhorar os salários, reconhecer a senioridade ou aliviar os requisitos para os pilotos se movimentarem entre as bases, e que deve aceitar que os custos com pessoal aumentem.
A Ryanair reagiu dizendo que não vai se curvar às exigências que colocariam em risco a base de baixo custo que a tornou a número 1 européia em rotas de curta distância. Os efeitos das greves no verão europeu já são sentidos, com o número de passageiros crescendo no ritmo mais lento este ano em julho e a companhia registrando uma queda de 20% no lucro nos três meses até junho.
Os executivos também alertaram os sindicatos de que as greves estão deixando os clientes cautelosos com as reservas, embora para o estudante alemão Goetsch as dúvidas sobre a confiabilidade da Ryanair sejam temperadas por seus preços competitivos.
“Eu já reservei novos voos para o próximo fim de semana”, disse ele. “Eu realmente espero que funcione desta vez.”
Informações da Bloomberg.
