Ryanair se recusou a levar a cadeira de rodas de uma passageira deficiente

Belen Hueso, foto extraída de sua conta no Twitter

Novamente, a Ryanair conseguiu ser notícia ao não permitir que uma mulher com deficiência viajasse com sua cadeira de rodas. Entenda a história, que levou a um grande debate nas redes sociais.

Tudo começou quando a espanhola Belen Hueso, de 25 anos, teve seu cartão de embarque negado para o voo de Sevilha a Valência porque sua cadeira de rodas elétrica não caberia no porão da aeronave, reportou o El País.

Segundo ela, a equipe da Ryanair lhe pediu para “encontrar outra companhia aérea” depois de se recusar a levar a cadeira por que as dimensões do item excediam a política de bagagem de porão da empresa aérea.

O que tem Belen?

Aos dez anos de idade, Belen foi diagnosticada com uma doença genética degenerativa chamada ataxia de Friedreich. Segundo pesquisas na internet, encontramos que essa é “uma doença genética rara que causa dificuldade para caminhar, perda de sensibilidade nos braços e pernas e fala prejudicada. A doença causa danos a partes do cérebro e da medula espinhal e também pode afetar o coração.

Sem cura conhecida e com a condição apenas piorando com a idade, Belen precisa usar uma cadeira de rodas elétrica, porque seus braços são incapazes de impulsionar uma cadeira de rodas manual. Aproveitando o feriado nacional do Dia da Constituição da Espanha, Belen planejava viajar de sua casa em Valência para passar alguns dias explorando Sevilha.

Para a ida, Belen comprou uma passagem no trem de alta velocidade AVE, mas não conseguiu uma reserva para a viagem de volta, que seria na segunda-feira, 9 de dezembro.

Por que ela voaria Ryanair?

Para voltar à sua casa, a moça encontrou um voo da Ryanair por 70 euros, a condição parecia ótima. Segundo conta, ela indicou no site da empresa que precisava viajar com sua cadeira de rodas elétrica e comprou a passagem sem problemas.

Depois de comprar o bilhete, Belen preencheu o formulário descrevendo o peso e as medidas do dispositivo de mobilidade e o tipo de bateria que ele usava. Ela destacou o fato de que ele não podia ser dobrado.

Mais tarde, a Ryanair entrou em contato com Belen para lhe dizer que as dimensões da cadeira excederam sua política e que ela não poderia ficar no porão da aeronave. Quando Belen ligou para a companhia para defender seu caso, eles apenas sugeriram que ela encontrasse outra empresa aérea. Lhe disseram ainda que o dinheiro que ela pagou pela passagem seria reembolsado em uma semana.

Ao El Pais, Belen relatou o que havia acontecido, lembrando que antes que sua doença piorasse, ela viajara muitas vezes na Ryanair com uma cadeira de rodas dobrável manual. Ela também apontou para o jornal que não tinha problemas em voar com a cadeira motorizada na Iberia.

Ryanair manteve sua posição

Um porta-voz da Ryanair disse: “Esse assunto foi resolvido diretamente com o cliente e um reembolso total foi processado. De acordo com nossos termos e condições, as dimensões das cadeiras de rodas quando dobradas não devem exceder 81 cm (altura), 119 cm (largura) e 119 cm (profundidade). Infelizmente, neste caso, a cadeira de rodas do cliente excedeu essas dimensões. Lamentamos qualquer inconveniente causado.”

Avião Boeing 737-800 Ryanair

Mas a concorrente Vueling aceitou

A segunda alternativa para Belen seria a low-cost Vueling, que pertence ao grupo IAG. Dessa vez, ela conseguiu comprar uma passagem, embora fosse um pouco mais cara que a da Ryanair. Dessa vez, ela não teve problemas para embarcar seu dispositivo.

As companhias aéreas têm o direito de estabelecer suas regras sobre o que vão ou não transportar, mas talvez seja hora de rever essas práticas, haja visto que as outras empresas locais não vêem problema nenhum em transportar o equipamento. Além de tudo, o caso repercutiu muito pelas redes sociais e causou um grande dano de imagem à Ryanair.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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