Saiba o que teve o Embraer E2 da Azul para o piloto ter declarado ‘mayday’ no sábado

O voo do “mayday” no final de semana – Imagem: RadarBox

No último final de semana, acompanhamos a ocorrência em que o piloto de um avião da Azul Linhas Aéreas declarou “mayday” quando voava para o Aeroporto Internacional de Curitiba / Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR), ou seja, o jato apresentou algo fora do comum que exigia um pouso o mais brevemente possível.

Quando o piloto informa o mayday ao controlador de tráfego aéreo, o voo passa a ter prioridade, de forma que, por exemplo, outros aviões que estejam chegando ao aeroporto sejam colocados em espera, para que o da emergência tenha caminho livre para se deslocar rapidamente ao pouso, garantindo o maior nível de segurança possível.

Além disso, com o aviso do piloto, outra consequência é que as equipes de emergência do aeroporto também são acionadas para se colocarem em prontidão e dar todo o atendimento que possa ser necessário, imediatamente após o pouso.

Como vimos, a aeronave envolvida era o Embraer 195-E2 de matrícula PS-AEC, quando voava de Campinas (SP) para Curitiba na madrugada do sábado (11), e a comunicação do piloto com o controlador, gravada, permitiu notar a situação de mayday (clique aqui para ouvir caso não tenha ouvido ou queira relembrar).

Na ocasião, no entanto, ainda não era conhecido o motivo que havia levado o piloto a declarar a emergência. Agora, tal ocorrência encontra-se cadastrada no sistema do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), permitindo tomar conhecimento dos detalhes.

O CENIPA assim descreve o incidente:

“A aeronave decolou do aeródromo Viracopos (SBKP), Campinas, SP, com destino ao aeródromo Afonso Pena (SBCT), Curitiba, PR, a fim de realizar transporte aéreo público regular, com cinco tripulantes e oitenta passageiros a bordo. Durante a aproximação para pouso, a aeronave apresentou a mensagem de ‘ENG #1 NACELLE OVERHEAT’. A tripulação efetuou a leitura do QRH e declarou emergência. O pouso foi efetuado com segurança e sem intercorrências. A aeronave não teve danos. Os cinco tripulantes e os oitenta passageiros saíram ilesos.”

Portanto, como se nota nos dados acima da autoridade brasileira de investigação, o motivo foi uma indicação de superaquecimento da nacele do motor número 1 (o que fica na asa esquerda). A nacele é a estrutura que aloja o motor em sua fixação à asa.

O QRH descrito pelo CENIPA é o manual de consulta de bordo da aeronave, que apresenta os procedimentos que os pilotos devem fazer diante de cada mensagem ou pane apresentadas pela aeronave. Se o problema for resolvido com as instruções do QRH, o voo prossegue de forma normal. Se não for resolvido, o próprio manual costuma indicar se os pilotos devem declarar urgência (“pan pan”), declarar emergência (“mayday”) ou proceder de alguma outra forma específica.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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