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Mais famoso sequestro de avião do mundo completa 49 anos sem solução

O incidente de interferência ilícita mais misterioso da história da aviação completou 49 anos e permanece sem solução. O sequestro do 727 da companhia americana Northwest Orient Airlines, em novembro de 1971, por um homem que mais tarde ficou conhecido como DB Cooper, continua a instigar amantes de histórias de mistério.

Boeing 727 da Northwest – Imagem: Aero Icarus / CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

Em uma tarde do dia 24 de novembro de 1971, véspera do tradicional feriado de Ação de Graças, um homem, que se apresentara no balcão do aeroporto de Portland como Dan Cooper, embarcava no avião Boeing 727-100 da empresa americana Northwest, de matrícula N467US, para o voo 305 com destino a Seattle/Tacoma (Washington).

O voo partiu no horário programado, por volta das 14h50, com um terço da sua capacidade de passageiros, 36 pessoas, incluindo o sequestrador, que carregava consigo uma mochila (supostamente contendo 1 milhão de dólares) e uma bolsa.

Logo após a decolagem, Dan Cooper entregou calmamente um bilhete para a comissária de bordo informando a posse da bomba dentro dos seus pertences e suas exigências. A comissária Florence Schaffner conseguiu, visualmente, confirmar que a ameaça do passageiro era real e então passou a obedecer o meliante para preservar a vida dos demais passageiros.

Ele pediu US$ 200 mil em notas de US$ 20, quatro paraquedas e um caminhão de reabastecimento da aeronave assim que pousassem no aeroporto de Tacoma. Os pilotos repassaram as demandas para a equipe de terra, que por sua vez notificou a polícia e o FBI.

Segundo o copiloto do voo, Bill Rataczak, em entrevista para Witness History, da BBC, as exatas palavras do bilhete eram “vocês estão sendo sequestrados, nada de bobagens, eu quero US$ 200 mil numa mochila e quatro paraquedas.”

Ele lembrou também que outra comissária, Tina Mucklow, teve que ficar sentada ao lado de Cooper durante o voo e que ele ficava com uma das mãos dentro da pasta onde estava a suposta bomba, como se estivesse pronto para acioná-la a qualquer momento.

Para dar tempo às autoridades para conseguirem todas as exigências de Cooper e evitar o pânico entre os passageiros, que não perceberam a ação do sequestrador, a tripulação informou que o pouso no aeroporto de Seattle estava atrasado devido a problemas técnicos.

Após a autorização do presidente da Northwest, Donald Nyrop, para fazer o pagamento e o pedido para que todos os colaboradores da empresa cooperassem com o sequestrador, a companhia, com as autoridades policiais, juntaram os itens exigidos por Cooper.

O 727-100 pousou no aeroporto de Tacoma as 17h39 e estacionou em uma área isolada e bem iluminada da pista para que as demandas do sequestrador fossem atendidas. Após receber os itens que desejava, Cooper ordenou que todos os passageiros e alguns comissários desembarcassem da aeronave.

A comissária Tina Mucklow teve a incumbência de ir buscar as exigências do sequestrador, uma tarefa um tanto quanto cansativa pensando que se tratavam de 4 paraquedas e 10 mil notas de US$ 20. Tudo isso acontecia enquanto o avião era reabastecido na pista.

Após 2 horas e 10 minutos de tempo em solo, o Boeing 727-100 decolou do aeroporto de Tacama com 5 pessoas a bordo: o comandante, o co-piloto, o engenheiro de voo, a comissária Tina Mucklow e Cooper.

Durante o tempo em solo, o sequestrador traçou seu plano de voo com os pilotos. Segundo o portal Key.Aero, ele pediu para os pilotos rumarem para sudeste, em direção à Cidade do México, na mínima velocidade possível e em uma altitude máxima de 10 mil pés.

Rataczak explica que já havia suspeitado do plano do sequestrador. Ele estava planejando aproveitar uma característica peculiar do 727-100, a chamada escada ventral traseira, que se abre abaixo da cauda do avião, dando a oportunidade de saltar do avião em pleno voo. Mas por que 4 paraquedas? Para que as autoridades pensassem que todos os tripulantes iriam precisar e não entregassem paraquedas sabotados para o sequestrador.

Imagem: Piergiuliano Chesi / CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

O co-piloto conta que Tina Mucklow foi obrigada a ficar ao lado do sequestrador durante a decolagem, mas logo após entrou no cockpit e ficou com os tripulantes técnicos. Cooper havia pedido para ficar sozinho na cabine de passageiros com a porta que divide a cabine e o cockpit trancada.

Após alguns minutos, eles receberam uma ligação de Cooper no interfone do avião afirmando que não estava conseguindo baixar a escada ventral. Os pilotos suspeitaram que tal problema estava sendo causado pela alta velocidade da aeronave e o vento que batia na cauda do avião. Prontamente eles reduziram a velocidade e pediram para Cooper tentar novamente.

“Eu senti as escadas descerem. O avião deu uma sacolejada e nesse momento avisei o controle de tráfego aéreo que Dan Cooper podia ter deixado o avião e que era para eles marcarem a posição no radar. Isso poderia ajudar a encontrar o lugar em que ele desceu de paraquedas”, disse Rataczak

Após o suposto pulo do sequestrador, o avião pousou em segurança na cidade de Reno, Nevada, e foi minuciosamente revistado pelas autoridades policiais em busca de pistas, mas o que foi concluído é que Cooper realmente havia saltado do B727-100 em movimento em algum ponto entre Seattle e Reno.

Nesses 49 anos, completados no último dia 24 de novembro, as únicas evidências físicas encontradas do sequestro foram a cartilha contendo as instruções para baixar a escada ventral do 727, achada por um caçador de cervos em novembro de 1978, e alguns sacos com notas provenientes do pedido de resgate, encontrados em 1980.

A investigação do FBI no caso Cooper durou incríveis 45 anos. Foram mais de 1.000 suspeitos avaliados, mas nenhum deles foi condenado e o caso permanece sem solução até os dias de hoje. Em 8 de julho de 2016, o FBI anunciou o fim das investigações alegando a necessidade de concentrar recursos.

O sequestro ganhou fama internacional. Muitos amantes de tramas policiais passaram a investigar o sequestro independentemente e o caso ganhou espaço em documentários e em séries televisivas, como na série americana Prison Break, que, em sua primeira temporada, dedica ao sequestro parte de sua trama.

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Apaixonado por aviação desde o berço como filho de comissário de bordo, realizou o sonho de criança se tornando comissário em 2011 e leva a experiência de quase 10 anos no mercado da aviação. Formado Trainer em Programação Neurolinguística, conseguiu unir suas duas paixões, comunicação e aviação.
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