Simuladores mantêm pilotos ativos em tempos de voos paralisados

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Com mais dois terços da aviação mundial comprometida por causa da pandemia de COVID-19, muitos pilotos encontram dificuldades para manter as horas de voo mínimas exigidas para a função por diferentes empresas. Para contornar o problema, simuladores de voo assumem uma nova função além do treinamento profissional.

A agência de notícias France-Presse (AFP), preparou uma interessante reportagem sobre o assunto. Por padrão, a Organização da Aviação Civil Internacional (OACI-ICAO) estabelece o mínimo de três decolagens e três pousos em um período de três meses para manter as licenças de voo internacional ativas. O que era algo corriqueiro para qualquer profissional empregado, tornou-se um desafio para um mundo paralisado pela pandemia.

Para preencher a lacuna de operações, algumas companhias estão oferecendo os mais modernos simuladores para que os pilotos cumpram horas de voo em um ambiente ultrarrealista e aprimorem as habilidades ao se manterem ativos em equipamentos que reproduzem o cockpit de diversas aeronaves.

Item de sobrevivência

“Um simulador completo se assemelha a um voo normal em visual e operação em 98 ou 99 por cento”, diz Otjan de Bruijn, piloto de longa distância da KLM e chefe da European Cockpit Association (ECA), que representa cerca de 40.000 profissionais da Europa. A organização estima que pelo menos 18 mil pilotos foram demitidos no continente desde o início da crise e que os que estão empregados recorrem aos equipamentos para manter as licenças em dia.

Além das recomendações da OACI, os pilotos comerciais também devem passar por exames teóricos e práticos duas vezes por ano. As provas testam a capacidade de, entre outras coisas, lidar com emergências, intempéries ou quebras de equipamento.

De acordo com Philippe Lacroute, piloto e porta-voz de operações de voo da Air France, a companhia francesa tem simuladores funcionando por até 22 horas por dia para atender à demanda dos profissionais. Lacroute esclarece que o fato de os pilotos ficarem enferrujados quando não estão voando é completamente esperado. “Quando voltei ao comando após o primeiro bloquei da França, tive um pouco de dificuldade em algumas operações, mas da segunda vez foi melhor”, conta.

A AFP informa que houve vários casos recentes em que alguns pilotos “enferrujados” tiveram problemas, especialmente para pousar.  Os relatórios indicaram um aumento no número de arremetidas, quando os pilotos que se aproximam para pouso abortam a aproximação.

A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (EASA) e o regulador da aviação civil da França disseram à AFP que não foram informados de nenhum incidente grave no retorno de alguma operação pós o bloqueio. A EASA observou, no entanto, que “embora a redução da exposição operacional dos pilotos seja uma preocupação, os pilotos devem ser estar atualizados e, quando necessário, realizar uma série de decolagens e pousos dentro de um simulador, além de cumprir as exigências do operador treinamento recorrente e verificação”.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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