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Torre autoriza Boeing 737 a decolar com um veículo andando pela pista de Porto

Um grave incidente aconteceu em Portugal, quando um Boeing cargueiro começou a corrida para a decolagem enquanto um veículo do aeroporto estava em seu caminho, realizando inspeção na pista.

Boeing 737-400 da ASL Airlines Belgium
Boeing 737 da ASL, igual ao envolvido no incidente – Imagem: Anna Zvereva / CC BY-SA 2.0, via Flickr

O incidente aconteceu na terça-feira de semana passada, dia 27 de abril, com um Boeing 737-400F registrado sob a matrícula OE-IAJ, operador pela companhia aérea ASL Airlines Belgium, que estava realizando um voo de Porto, em Portugal, para Liege, na Bélgica.

Conforme relata o The Aviation Herald, o Boeing cargueiro, que estava a serviço da Fedex e iria realizar o voo de número 3V-4959 / FX-4959, com dois tripulantes a bordo, recebeu a autorização do controlador de tráfego aéreo (ATC) da Torre de Controle para decolagem a partir da pista 35 do Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Um pouco antes dessa autorização, cerca de 12 minutos, o controlador da Torre havia liberado um veículo follow-me para realizar uma inspeção noturna na pista do aeroporto. O veículo começou seus trabalhos de verificação no sentido norte na pista 35, e ao alcançar a cabeceira 17, retornou no sentido sul. Nesse momento, o motorista visualizou luzes brancas brilhantes perto da cabeceira da pista 35, que pareciam se mover em sua direção.

O motorista perguntou então à Torre se havia alguma aeronave alinhada com a pista 35. O controlador então confirmou, dizendo que uma aeronave estava em sua corrida de decolagem, no sentido norte, e instruiu o veículo a desocupar imediatamente a pista pela lateral esquerda.

Os pilotos do Boeing 737 disseram também ter visto duas luzes brancas na direção sul, mas, devido ao ambiente noturno, confundiram com luzes do fim da pista. Logo após deixar o solo, o piloto do Boeing, já em fase de subida, questionou a Torre de Controle sobre o veículo que estava próximo na hora da decolagem. Em resposta, foi informado se tratar apenas de um equívoco.

A imagem logo abaixo, publicada na nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) de Portugal, ilustra o incidente com o Boeing 737 e o veículo de solo.

Segundo a ilustração, que tem como base dados preliminares e informações do radar de solo do aeroporto, a estimativa da distância da aeronave e do veículo follow-me no momento da decolagem era de cerca de 300 metros.

Imagem: GPIAAF

O GPIAAF foi notificado do evento pelo operador aeroportuário no dia seguinte, tendo iniciado um processo de avaliação com recolha de evidências. Após o referido processo de avaliação, foi aberto um processo de investigação de segurança sobre as causas do incidente grave.

Entre outros aspetos, a investigação do GPIAAF irá debruçar-se sobre:
• o funcionamento do órgão ATC e os respetivos fatores organizacionais;
• procedimentos envolvidos na coordenação das operações de terra;
• os fatores humanos envolvidos;
• fatores técnicos e equipamentos disponíveis; e
• as medidas de gestão do risco relativamente às incursões de pista.

O Boeing envolvido no incidente cumpriu normalmente o voo de cerca de duas horas até o Aeroporto de Liège.

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