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Trinca no para-brisa provoca retorno de Boeing 737 ao aeroporto

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Incidente em voo com aeronave 737-800 da chinesa Hainan Airlines aconteceu na última terça-feira (9), após a decolagem da cidade de Sanya, na China.

Avião Boeing 737-800 da Hainan Airlines
Imagem: byeangel via Wikimedia Commons.

De acordo com informações do portal The Aviation Herald, o Boeing 737-800 da Hainan Airlines, de matrícula chinesa B-5579, realizava o voo HU-7380, ligando a cidade de Sanya, na ilha chinesa de Hainan, a Pequim.

A aeronave decolou do Aeroporto Internacional Sanya Phoenix às 16:48 locais e estava em procedimento de subida quando, a cerca de 8000 metros (nível de voo FL260), trincas começaram a se propagar no para-brisa do lado direito da cabine de comando da aeronave (janela frontal do primeiro oficial).

A tripulação decidiu interromper o voo no momento em que a aeronave atingia 8100 metros (FL266), ainda próximo ao Aeroporto de Sanya.

Trincas no para-brisa direito do B-5579. Imagem: The Aviation Herald.

A decisão foi de retornar ao próprio Aeroporto Internacional de Sanya, onde a aeronave pousou com segurança cerca de 40 minutos após a partida.

Um outro Boeing 737-800, de registro chinês B-5798, foi acionado para substituir a aeronave em pane e chegou a Pequim com um atraso de cerca de 4 horas. A aeronave que apresentou o problema permaneceu no solo em Sanya.

Rastreamento do voo HU-7380. Imagem: Flightradar24.

Como as trincas surgem no para-brisa?

Aeronaves possuem estruturas que precisam suportar uma grande diferença de pressão e temperatura entre as seções externa e interna da aeronave. Além disso, aeronaves operam em velocidades muito altas, em um ambiente onde outros objetos – pássaros ou detritos – podem representar uma ameaça.

Todos esses riscos são considerados nas regras e normas que controlam a fabricação de peças e componentes estruturais de aeronaves. Assim, os para-brisas das aeronaves são fabricados para suportar a exposição a esses riscos e a ambientes extremos.

Além dos testes de pressão, controle de temperatura e colisões com pássaros (bird strike), a área das janelas das aeronaves também é testada quanto a resistência química a substâncias como fluido hidráulico ou combustível de aviação, além de abrasão, incluindo oxidação ou erosão por chuva.

Os para-brisas são feitos de várias camadas, projetadas para serem extremamente duráveis. Existem duas camadas estruturais, cada uma capaz de suportar o diferencial de pressão na cabine. Essas camadas incluem vidro reforçado, vários tipos de plástico e até uma fina camada de metal que conduz uma corrente elétrica para aquecer e manter o para-brisa livre de gelo.

Além da resistência, que aquece a janela usando eletricidade, também existem sensores para medir a resistência e controlar o calor – para que a janela nunca fique muito quente ou muito fria para os limites operacionais. O sistema de aquecimento das janelas faz os ajustes necessários em diferentes altitudes e em diferentes condições climáticas.

De acordo com a Boeing, o problema mais comum que as companhias aéreas enfrentam nas janelas da cabine de comando é o rompimento da face externa do para-brisa durante o voo. As condições que levam a rachaduras começam com a umidade ao redor do selo aerodinâmico (também conhecido como selo aero, selo de umidade ou hump seal).

A entrada de umidade eventualmente causa delaminação, problemas de revestimento térmico e arco elétrico, que – se não forem corrigidos – causam rachaduras na camada externa. A vedação aerodinâmica ao redor do perímetro de uma janela está sujeita à erosão pelo vento e pela chuva.

As trincas também podem ocorrer por colisões (pássaros, detritos, granizo, etc), defeitos de manufatura nas janelas, problemas na instalação, desgaste anormal, problemas no sistema de aquecimento, curto circuito no sistema de degelo, grande número de ciclagem do para-brisa (aeronaves já com bastante tempo de vida passaram por muitos ciclos de pressurização), dentre outros.

No começo deste mês, divulgamos aqui as conclusões finais sobre o caso de um para-brisa que chegou a estourar em voo por conta de problemas não corrigidos com o selo de vedação. Veja mais detalhes na matéria abaixo.

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