Veja o que fizeram os pilotos no incidente em que o avião acabou fora da pista na quarta-feira

Na última quarta-feira, 24 de novembro, noticiamos o incidente registrado durante o pouso de um voo comercial de transporte de passageiros em que a aeronave sofreu uma saída de pista (“runway excursion”, ou excursão de pista) durante sua desaceleração.

Com 87 pessoas a bordo, sendo 81 passageiros e 6 tripulantes, o Sukhoi Superjet SSJ 100-95 registrado sob a matrícula RA-89138, operado pela Red Wings Airlines, pousou pela cabeceira 19 de Norilsk, na Rússia, mas saiu além do limite lateral da pista cerca de 5.940 pés (1.800 metros) contados a partir da cabeceira.

Sob condições meteorológicas de incidência de neve, o avião parou fora da pista depois de deslizar por cerca de 30 metros e não houve feridos no incidente. A aeronave foi colocada de volta na superfície pavimentada da pista cerca de 80 minutos depois e permaneceu em solo em Norilsk até a sexta-feira, 26, quando voltou a voar na malha da companhia aérea russa.

Agora, novas informações trazidas pelo The Aviation Herald revelam que a companhia aérea divulgou mais detalhes sobre a ocorrência.

Segundo a Red Wings, no momento do incidente o comandante era o piloto voando a aeronave para o pouso e o copiloto era o piloto de monitoramento.

Naquele pouso, os freios automáticos (“Autobrakes”) foram configurados para intensidade baixa e, após o início da desaceleração, os reversores de empuxo dos motores foram recolhidos em cerca de 75 nós (139 km/h) de velocidade indicada e os freis automáticos foram desativados em cerca de 40 nós (74 km/h).

Nesse momento, a aeronave tornou-se incontrolável, desviou para a esquerda e saiu além da lateral da pista até parar em meio ao acúmulo de neve. Todas as ações dos pilotos para evitar a excursão da pista não tiveram sucesso.

No momento do toque, os ventos eram de 130 graus a 25 nós (46 km/h), a visibilidade horizontal era de 4000 metros e o valor do coeficiente de atrito da superfície pista era de 0,38.

A companhia aérea declarou que o procedimento recomendado para pousos em pistas de baixo atrito (coeficiente abaixo de 0,4) é descrito da seguinte forma no manual operacional:

1- Com coeficientes de atrito abaixo de 0,4, use AUTOBRAKES MAX até uma velocidade mínima de 10 nós;

2- Use os reversores de empuxo em potência máxima até 75 nós e, a seguir, continue com os motores em marcha lenta e com os reversores abertos até 35 nós;

3- Em caso de movimento de guinada, NÃO desative os freios automáticos.

Embora seja possível notar que houve falha no cumprimento dos procedimentos aplicáveis à condição do pouso, é importante ressaltar que o objetivo da investigação será determinar as causas dessa falha, pois o interesse no que diz respeito da segurança da aviação é em evitar que a situação se repita.

Como exemplos de alguns questionamentos a serem respondidos, pode-se citar: o que levou os pilotos a falharem no cumprimento do procedimento? Falta de treinamento? Falta de atenção? Se houve falta de atenção, o que a causou? Cansaço? Falta de diálogo prévio entre os pilotos sobre as condições da pista e os procedimentos aplicáveis? Etc.

O Departamento de Investigação de Transporte Inter-regional do Leste da Rússia está investigando o incidente.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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