Virgin Orbit poderá trazer seu Boeing 747 ao Brasil para lançar foguetes

Imagem: Virgin Orbit

A Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou na última semana as empresas que foram selecionadas para operação no Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão, e entre elas está a Virgin Orbit, conhecida por seus recentes testes de lançamento de foguetes a partir de seu Boeing 747-400 batizado de “Cosmic Girl”, ou “Garota Cósmica”.

O evento da FAB, que é a responsável pela gestão do CEA, ocorreu na quarta-feira, 28 de abril, na Base Aérea de Brasília (BABR) e contou com a presença de autoridades como o Presidente da República, Jair Bolsonaro, o Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, e o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, entre outros.

A cerimônia teve como objetivo apresentar para a sociedade o resultado do Chamamento Público lançado em 2020 para identificar e selecionar as empresas, nacionais e internacionais, com interesse em realizar operações de lançamentos de veículos espaciais não militares orbitais e suborbitais a partir do Centro Espacial de Alcântara.

A escolha das empresas para iniciar a negociação contratual foi definida por meio de um processo de seleção com critérios estabelecidos em edital público, e as classificadas foram:

– Para operar no Sistema de Plataforma VLS (SISPLAT), foi classificada a empresa Hyperion;

– Para a Plataforma Universal, área suborbital, a empresa selecionada foi a Orion AST;

– Na área do Perfilador de Vento no Centro de Lançamento de Alcântara, a C6 Launch; e

– Para atuar a partir de aeronaves com decolagem do aeroporto de Alcântara, a Virgin Orbit.

Virgin Orbit e o Boeing 747

A Virgin Orbit possui um Jumbo 747-400 de matrícula N744VG que pertenceu anteriormente à empresa aérea Virgin Atlantic, do mesmo grupo do milionário Richard Branson, que decidiu transferir a aeronave para seu novo e ambicioso projeto.

Este projeto tem como objetivo lançar foguetes em altitude, levados sob a asa do Jumbo da empresa, reduzindo o custo do lançamento em relação ao modo tradicional feito a partir de plataformas em terra.

Imagem: Virgin Orbit

Uma grande fração da massa de um foguete lançado verticalmente é combustível, necessário para combater o arrasto atmosférico e a gravidade da Terra perto da superfície, portanto, ter um avião carregando o foguete para grandes altitudes economizar muito desse combustível.

O projeto está sendo tocado na Califórnia, e o Jumbo fica baseado no Aeroporto de Long Beach, onde eram as fábricas da McDonnell Douglas. Porém, o foguete é carregado no aeroporto Mojave Air and Space Port, no deserto de Mojave, ao norte de Los Angeles e bem próximo da base da empresa.

Agora, caso evoluam bem as negociações da Virgin Orbit com o Brasil após essa escolha no chamamento da FAB, é bastante provável que a empresa traga o Jumbo para testes de lançamento em espaço aéreo brasileiro. (Para rever o vídeo de um dos testes de lançamento com o Boeing 747, clique aqui).

Uma das maiores vantagens do Centro Espacial de Alcântara é estar localizado próximo à Linha do Equador. No setor espacial, o equador terrestre é reconhecido por possuir maior velocidade tangencial do que as latitudes maiores do resto do globo, portanto, um foguete lançado dessa região se beneficia de uma velocidade inicial maior, gastando menos combustível para atingir sua velocidade orbital final.

Janela para o espaço

O Centro Espacial de Alcântara consiste em um conjunto de bens e serviços utilizados para lançamento de veículos espaciais não militares em território nacional, proporcionando uma infraestrutura necessária para dar suporte às atividades específicas de empresas de lançamento.

Em atendimento à exploração espacial, o CEA tem condições de prover o suporte logístico, integração e testes finais de carga útil, lançamento de objetos espaciais, previsão meteorológica, coleta de dados via telemetria, rastreio, sistema de comando e controle e demais tecnologias.

Além disso, possui outras características favoráveis como: a proximidade do mar, a localização de aproximadamente 2º18’ a Sul do Equador, o que possibilita lançamentos em órbitas polares e equatoriais; baixa densidade demográfica; ausência de incidência de terremotos e furacões; baixa densidade de tráfego aéreo; e localidade ideal para lançamentos sob demanda (responsive launches).

Com informações da Assessoria de Imprensa da FAB

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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