Voando no Boeing 787 Dreamliner da American Airlines.

Foto: Carlos Roman / AEROIN

Nesse relato, eu conto como foi a experiência de voar no moderno Boeing 787 Dreamliner da American Airlines, no trecho entre São Paulo e Los Angeles. Também vou contar como consegui voar na classe Executiva. Acompanhe.




Por que esse voo foi interessante para mim?

Esse voo foi interessante para mim, pois voltaria a voar com a American Airlines após 6 anos. Na oportunidade anterior, confesso que alguns aspectos me deixaram decepcionado, mas, considerando todas as mudanças que a AA implementou nos últimos anos, incluindo a reformulação completa do serviço de bordo, dei o meu voto de confiança e a escolhi novamente. A compra foi feita via agência de viagens corporativas, com escolha inicialmente da classe econômica.

Embora fosse possível, não fiz meu check-in pela internet, mas deixei para fazer no aeroporto de Guarulhos. No balcão, perguntei ao agente do check-in sobre um possível upgrade, afinal tinha interesse em conhecer a tão bem comentada classe executiva da American, bem como aproveitar para descansar naquela longa jornada de 12 horas. Naquela noite, a oferta eram 25.000 milhas e mais US$ 350.

Achei razoável. Como tinha milhas no meu AAdvantage, acumuladas de compras no cartão de crédito nos últimos anos, resolvi queimá-las. O legal é que as milhas da AA não expiram, como acontece em outros programas de milhagem (o único pré-requisito é que você não deixe de acumular pelo menos uma milha, por mais de 18 meses), então foi fácil juntar as 25.000 necessárias.

Pronto, consegui um dos 28 assentos da Executiva do Dreamliner.

 

Embarque pelo T3 do GRU Airport.

 

Nosso embarque foi iniciado às 22h25 pelo portão 301, no Terminal 3 do GRU Airport. Estávamos no horário, com decolagem prevista para 23h05.

Meu voo era o AA216, operado pelo Boeing 787-8 de matrícula N800AN. Recebido em Janeiro de 2015, ele foi o primeiro do modelo a entrar na frota de, atuais, 25 Dreamliners da AA.

 

Uau! Essa é a nova Business da American.
Em configuração 1-2-1, todos os assentos têm acesso ao corredor.




 

A primeira impressão é a que fica

Entrei no avião e tive aquele sentimento que, na teoria de marketing, é chamado de “Fator Wow”, que acontece quando o cliente se sente impressionado pelo produto ou serviço.

Os assentos da Business, em couro, dispostos na diagonal, em configuração 1-2-1, com todos os lugares tendo acesso direto ao corredor, me fizeram entrar na realidade da nova American Airlines. Certamente uma configuração de classe mundial e que, depois, foi se confirmar durante o voo, como conto abaixo.

Me acomodei para poder conhecer o que mais a Executiva da AA poderia oferecer.

 

O fone da Bose vem num estojo super elegante.
A nécessaire da grife Cole Haan foi desenhada exclusivamente para a AA.
O controle de posição do assento permite transformá-lo numa cama.

 

Enquanto isso, no console lateral…

No console lateral, algumas amenidades que fazem a diferença.

Um fone anti-ruído da Bose, a empresa líder na produção de fones de ouvido no mundo, largamente usados na aviação e de reconhecida qualidade. Embora o 787-8 seja silencioso por natureza, um fone de tal qualidade elimina totalmente o barulho dos motores e traz uma nova experiência para o entretenimento de bordo. Um desses no mercado deve custar cerca de R$ 2 mil.

Além do fone, uma nécessaire da Cole Haan, desenhada exclusivamente para a American Airlines, sobre a qual falarei mais adiante, inclusive com mais imagens e a lista de itens.

Complementadas pelas revistas de bordo, das quais também falarei logo mais. No console havia também um apoio para documentos, duas tomadas, duas entradas USB e o controle de posição do assento, com possibilidade de transformá-lo numa cama.

 

Prontos para início do táxi até a pista 09L.




Após a decolagem, bela vista da Marginal Tietê.

 

Decolamos antes do horário previsto

Nossa decolagem aconteceu pela pista 09L do GRU Airport, a principal do internacional de São Paulo, com 3.700 metros de extensão. Seguimos em uma curva acentuada pela direita, com sobrevoo da cidade de São Paulo numa nublada noite de primavera.

O nível do ruído do avião é muito baixo realmente. Quando os pilotos deram potência para a decolagem, essa característica ficou evidente. Diria que é pelo menos 30% mais silencioso que outras aeronaves da própria Boeing. Mas, note, esse percentual é minha percepção.

Enquanto subíamos para 34 mil pés (algo como 11 km), aproveitei para navegar pelo novo entretenimento de bordo da AA. São milhares de opções de filmes, programas de TV, notícias, jogos e músicas, numa interface intuitiva e amigável ao usuário. Pela variedade, nota-se que há escolhas para todos os gostos.

A tela de 17 polegadas é touchscreen, mas fica longe do assento, então a alternativa é usar o controle manual… que também é touchscreen! Uma sacada muito bacana, diferente daqueles controles que você precisa navegar usando um botão direcional, parecido com um controle de vídeo game e cuja navegabilidade não é tão boa.

 

Tela de 17 polegadas com excelente resolução.
O controle também é touchscreen.
São dezenas de idiomas disponíveis.

 

O que achei do novo entretenimento a bordo.

As programações de filmes e músicas são, geralmente, as opções mais procuradas pelos passageiros, por isso, me concentrei nelas ao avaliar a completude do sistema de entretenimento.

No caso dos filmes, há clássicos do cinema e lançamentos de grande apelo. Os títulos mais recentes do mercado cinematográfico estão disponíveis e tudo com legenda em português, numa lista bastante atrativa. Com relação às músicas, há seleções de artistas de todo o mundo, embora eu tenha sentido falta de opções de cantores brasileiros e latinos. No entanto, com relação aos hits da atual cena pop internacional, pelo que pude observar, eles estão todos lá.

Adicionalmente, há ainda canais de notícias ao vivo, como os da CNBC, Sport24 e a BBC; há também séries da TV e do Netflix, como House of Cards. Enfim, as combinações são infinitas.

Para completar, o avião possui conexão wi-fi de boa qualidade e a um preço muito justo. Por US$ 19 eu poderia navegar na internet e trocar mensagens por whatsapp com minha família e amigos durante todas as 12h do voo. Obviamente que não fiquei todo o tempo conectado, mas achei o pacote muito atrativo.

O recurso que permite assistir ao trajeto da aeronave foi aprimorado com uma tela em que é possível ter uma simulação da visão do piloto, inclusive com indicações de direção, velocidade e altitude, como se fosse um equipamento da cabine. Bastante interessante, como mostro nas fotos abaixo.

Embora a restrita opção de cantores brasileiros, minha nota para o sistema de entretenimento atual da American é DEZ. Telas grandes (mesmo na econômica), muitas opções de programação e imagem de ótima qualidade.

 

Todos os hits do momento estão na seleção musical.
Canais de notícias ao vivo podem ser acompanhados a 40 mil pés de altura.
Os jogos tradicionais também estão ali.
A seleção de filmes também é excelente (note que o voo foi em Nov/16).
Em qualquer momento é possível conferir onde vamos desembarcar.
É possível acompanhar a rota ao vivo.
Inclusive uma simulação da “visão do piloto”.




 

Um menu de primeira

O comandante retira os avisos de cintos de segurança e a comissária se aproxima e me indaga sobre a opção que desejo para o jantar.

Pego o menu que está no console lateral, à direita do assento e observo os pratos do dia. Meu objetivo é dormir durante o voo, pois no outro dia teria de trabalhar. Então, prefiro a opção mais leve e peço o Frango Grelhado com Alecrim e Laranja, acompanhado por um vinho branco californiano (afinal, “Califa” era esse meu destino). De sobremesa, sorvete da Ben & Jerry, com biscoito moído.

As outras opções do cardápio pareciam bem atrativas também, assim como foi meu frango, e vocês podem conferir o menu completo na foto abaixo.

 

Menu do dia (melhor, da noite).
As opções do menu.
Carta de (bons) vinhos.
Grande variedade de drinks.

 

Mas enquanto a comida não chega…

Enquanto o jantar é preparado, eu escureço as janelas. Parece estranho esse termo escurecer?

Pois note que o 787 não possui aquelas persianas plásticas para “fechar a janela”, tudo é eletrônico. O botão localizado abaixo das janelas, que você vê na foto abaixo, permite que você simplesmente escureça o vidro, a partir de um sistema magnético.

Vidro escurecido, cabine à meia-luz, deito o assento fazendo-o de cama e escolho filme para me entreter um pouco. O eleito da noite foi “Raça”, uma vídeo-biografia do campeão olímpico Jesse Owens. Muito bom, por sinal.

 

Vidro é escurecido a partir de um botão abaixo da janela.
Algumas posições em que você pode deixar o assento.
Relaxado, assistindo o filme Raça.
Enquanto os dispositivos são carregados.

 

Enfim, os pratos do dia

Cerca de 30 minutos depois, chega a comida com essa cara suculenta.

Um pratinho de amêndoas e castanhas deu o tom da entrada.

O frango veio acompanhado de um pão muito saboroso, com ervas e quentinho, não deu pra resistir. Uma tábua de presunto parma e salame acompanhados de legumes grelhados e uma salada tradicional. De fato, escolhi uma opção muito boa, gostei muito das combinações e sabores.

Para arrematar, o sorvete de creme, da Ben & Jerry, estava igualmente delicioso.

 

Entrada com castanhas e amêndoas.
O prato principal.
E o sorvete Ben&Jerry de sobremesa.




 

Relaxei e…

Satisfeito, relaxei vendo o final do filme, mas confesso que o cansaço, após um dia inteiro de trabalho, era tamanho que acabei dormindo.

Com espaço para esticar as pernas e relaxar o corpo, somado ao fato do Boeing 787 ser mais silencioso e possuir um sistema diferenciado de pressurização de cabine, que oferece mais oxigênio, posso dizer que minha noite foi bem tranquila.

Na verdade, dormi profundamente por 8 horas, meu recorde em avião. Acordei cerca de 1h30 antes do pouso, com a comissária servindo o café da manhã. Eu escolhi a tábua de frutas e cereais, da foto abaixo.

 

Meu café da manhã.
E uma breve passagem pelo banheiro, para lavar o rosto.

 

O que tem na nécessaire?

Além da própria nécessaire ser de muito bom gosto, tanto que passei a usá-la em meu cotidiano para transportar meus itens de higiene pessoal, ela tem alguns itens úteis para a viagem. Veja a lista e a foto deles, logo abaixo.

– Fones de ouvido da American Airlines (não são os da Bose, mas são bons);

– Kit da C.O. Bigelow, uma das mais famosas marcas de produtos boticários do mundo;

– Kit de higiene dental;

– Lenços de papel;

– Venda para os olhos;

– Par de meias;

– Protetor auricular;

– Caneta;

– Capa para fone de ouvido;

– Cupom de desconto para as próximas compras na Cole Haan, a mesma que faz a nécessaire.

 

As revistas de bordo

As revistas de bordo são outra opção de entretenimento. Confesso que não li em detalhes, mas apenas as folheei, tentando entender o contexto principal de cada uma. Ao todo, são três edições diferentes.

A principal é a famosa American Way que, assim como o conceito da empresa, foi totalmente remodelada. Na capa, três repórteres que foram atores principais do processo eleitoral norte-americano, por cobrir de forma incisiva cada fato do histórico pleito.

O conteúdo em si é semelhante ao que vemos em outras revistas de bordo por aí, ou seja, contém matérias sobre a cultura dos Estados Unidos, artigos sobre destinos para onde a American voa, e outras variedades.

 

 

 

A segunda revista de bordo é a Nexos, com conteúdo totalmente em espanhol e trazendo variedades da América Latina.

Eu, particularmente, gostei mais dessa do que da American Way. Acho que por estar mais próximo do meu dia-a-dia. A matéria principal era a história do cantor colombiano Carlos Vives, que eu acompanho há um tempo, mas do qual desconhecia a trajetória. As pautas são complementadas com matérias sobre os países latinos, com destinos turísticos, roteiros e gastronomia.

 


A terceira e última das revistas, que está disponível somente na Business, é a Celebrated Living. Essa com um approach mais de luxo, com destaques de turismo cinco estrelas e propagandas de grifes famosas e produtos caros.

 


Enfim, LAX

Nem vi o tempo passa e logo estava pousamos em Los Angeles. Era pouco depois das 6h da manhã, dentro do horário previsto. Meu desembarque aconteceu pelo terminal internacional Tom Bradley, o mais novo e moderno do LAX (que, em geral é um aeroporto bem antiquado e que merece umas reformas).

Foi um voo agradável e que me surpreendeu positivamente. Obviamente, voar na Business faz uma diferença enorme, cheguei inteiro e pronto para trabalhar naquele dia.

E, por fim, mas ainda importante, não posso deixar de comentar o quanto a American Airlines mudou em termos de qualidade (no meu relato da classe econômica, que publicarei em breve, você vai entender mais sobre isso) e digo que seu serviço é realmente de classe mundial, digno da maior empresa aérea do mundo.

Não foi apenas a primeira impressão que foi boa, mas o voo todo! Congratulo a American por isso.

 

Um dos aviões mais modernos do mundo.
#partiu LAX




 

BÔNUS 1 – Lounge da American Airlines em Miami

Na volta, fiz Los Angeles – Miami – São Paulo, pois era o voo que tinha disponibilidade quando comprei a passagem.

Como tinha algumas horas no aeroporto de Miami antes de embarcar ao Brasil, adquiri um day-use para acessar a sala VIP da American Airlines, o Admirals Club Lounge, por cerca de US$ 50.

Abaixo, preparei uma sessão fotográfica onde compartilho imagens do lounge e dos serviços oferecidos.

 

Miami é um dos hubs da American Airlines.
Entrada do Admirals Club.
São cerca de 10 ambientes diferentes dentro do lounge.
Conexão wi-fi de boa qualidade.
Tomates cereja com snacks e queijo ementhal.
Que tal uns nachos fresquinhos?
E estava muito saboroso.
São vários ambientes diferentes.
Inclusive com duchas para um banho antes da partida.




BÔNUS 2 – O menu da volta

Meu retorno ao Brasil foi via Miami. Não fiz muitas fotos, pois estava exausto após uma semana de bastante trabalho, apenas fiz questão de registrar o cardápio do voo e minha escolha, que foi a Quinoa com Langostinos, além do sorvete Ben & Jerry de sobremesa.

Não preciso nem comentar que estava bom, olha só a ‘cara’ do prato.


 

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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