Você sabia que tem um avião da Força Aérea Americana baseado no Brasil?

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Com a passagem de um Boeing C-17 Globemaster da Força Aérea Americana (USAF) por São Paulo na semana passada, teorias das mais rocambolescas surgiram sobre sua vinda. Independente disso, o que muita gente não sabe é que já tem um avião da USAF baseado no Brasil para uma função nada secreta.

Beechcraft C-12C Huron – Foto: Embaixada dos EUA em Montevidéu

O Boeing C-17 Globemaster III decolou nesse final de semana de Guarulhos para Montevidéu no Uruguai, de onde seguiu para Buenos Aires, na Argentina. O jato militar tinha chegado em São Paulo na sexta, após vir do Chile e passar por Brasília.

A visita gerou rumores (alguns deles com elementos de teorias da conspiração e que dariam um ótimo enredo cinematográfico) sobre a presença de um avião militar americano em solo brasileiro. A mais comentada, e talvez a mais lógica, seria a distribuição de suprimentos para os consulados, que inclusive poderiam incluir vacinas para imunizar os membros do governo americano que aqui trabalham.

Enfim, pode até ser e a rota “pinga-pinga” pela América do Sul reforçaria esta tese, embora o C-17 geralmente não seja utilizado para isso no dia-a-dia, já que há outra aeronave baseada em Brasília e dedicada a essa função.

Estamos falando da aeronave designada, no mundo civil, como Beechcraft King Air 200, o bimotor turboélice da família mais popular e conhecida da aviação geral, que também tem versões militares com o designativo C-12 Huron.

76-0163

O nome Huron é uma referência a um dos cinco Grandes Lagos que estão na fronteira dos EUA com o Canadá, sendo o Huron o segundo maior em área, ficando apenas atrás do Lago Superior.

No caso do Brasil, a aeronave aqui baseada é um C-12C Huron de transporte. Outras versões, como a MC-12 Liberty e a RC-12 Guardrail, são modificadas para inteligência e monitoramento e também são desenvolvidas sobre as plataformas da família King Air: o B350 e o B1900D.

O Huron no Brasil tem matrícula 76-0163 e já foi fotografado em diversos aeroportos brasileiros. Segundo dados dos nossos parceiros do RadarBox24, o último voo dele foi no dia 24, de Santa Maria, no Rio Grande do sul, para Brasília.

Outras cidades que recebem voos com frequência dele são Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte (Pampulha), Porto Velho e Palmas.

Estes voos do Huron são feitos para a distribuição de material entre os consulados e a embaixada em Brasília, assim como transporte de pessoal. A aeronave também vai por vezes até países vizinhos como Uruguai, Paraguai e Argentina.

Mapa de calor dos aeroportos mais utilizados pelo King Air da USAF

O seu indicativo de chamada no rádio costuma ser Shark 07, enquanto que o do C-17 sempre é Global Reach mais os dois números finais da matrícula do avião. Então, quando vir um turboélice com marcas do governo americano pousando próximo da sua cidade e no rádio tiver chamando como “Tubarão”, não é nada mais que um King Air fazendo serviços burocráticos, distribuindo na região o que o Global Reach costuma trazer para Brasília.

E antes que mais teorias da conspiração apareçam, vale esclarecer que a USAF tem aviões similares baseado em outros países com um número expressivo de representações. O King Air da USAF inclusive já está há alguns bons anos no Brasil.

Embajador Nelson en Paysandú

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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