Voo da Azul entre Congonhas e Noronha será o mais longo feito por um jato Embraer no Brasil

Com a promessa do voo direto entre Congonhas e Fernando de Noronha, um novo recorde será batido em breve pela Azul Linhas Aéreas, que inaugurará a rota mais longa a ser feita por um avião brasileiro da Embraer.

Divulgação – Embraer

A rota, recém-anunciada, será a primeira a ligar sem escalas o arquipélago de Fernando de Noronha com uma cidade fora do Nordeste, algo impensável anos atrás. E esta rota será possível e viável por causa do avião brasileiro, como veremos a seguir, e da possibilidade de abastecer aeronaves na ilha.

Antes, vamos olhar quais as rotas mais longas dentro do país, operadas pelos jatos Embraer. Por ser a maior operadora dos jatos brasileiros no país, naturalmente, a Azul operou suas rotas domésticas mais longas.

Em 2009, um ano após ter sido criada, a empresa voava de Campinas para Manaus sem escalas, totalizando 1.410 milhas náuticas (2.611 km), com o Embraer E190/E195 de primeira geração (E1). Hoje, essa rota é feita por jatos Airbus do modelo A320neo e A330ceo/neo, de maior porte, visando também levar um maior volume de carga, dado o Polo Industrial de Manaus.

No segundo lugar está uma rota histórica da TRIP e herdada pela Azul, o voo Belo Horizonte – Manaus, operado pelo E175-E1 de maneira regular, e hoje de maneira esporádica em voos fretados com o E195-E1, são 1.369 nm (2.535 km) entre a capital de Minas Gerais e o Amazonas.

Em terceiro, vem outra rota da Azul, que não era tão constante com os jatos Embraer, entre Belo Horizonte e Porto Velho, operada pelo A320neo mas que, por vezes, o E195-E1 era escalado, a distância entre as duas cidades é de 1.331 nm (2.465 km).

Todas estas rotas porém serão ultrapassadas pelo voo entre Congonhas e Noronha, que em linha reta terá 1.441 milhas náuticas (2.668km) a serem cumpridas em 4 horas de voo.

Noronhe-se

A distância de Congonhas a Fernando de Noronha surpreende, mas está muito dentro do limite de alcance do E2, que é de 2.600 nm (4.815 km) decolando no seu peso máximo. Os aeroportos alternativos mais próximos são de Natal e Recife, distantes 210 nm (388 km) e 296 nm (548 km), respectivamente.

Para chegar no continente, em caso de não conseguir pousar em Noronha, o jato tem que levar mais combustível, o que reduz seu alcance, mas ainda torna a rota viável, já que está mais de 1.000 milhas náuticas dentro de sua capacidade.

Superado o desafio do alcance, entramos em outro: o de performance. A pista de Noronha, no único campo de pouso do arquipélago, tem 1.845 metros de comprimento, ou seja, 40 metros a mais que o E195-E2 precisa para decolar com seu peso máximo em condições ideais de tempo.

Outros jatos como o Boeing 737-700 ou o Airbus A319, utilizados pela GOL e LATAM, não conseguiriam decolar de Noronha no seu peso máximo ou próximo disso, tendo que reduzir o carregamento, seja com menos combustível, passageiros ou cargas, trazendo menor rentabilidade ou não permitindo o voo direto para a capital paulista, além de serem aviões com motores mais antigos, que consomem mais, refletindo um maior custo do voo.

Com isso o E195-E2 se torna o maior avião capaz de operar na Ilha sem muitas restrições, destacando-se novamente por abrir rotas inéditas e outrora impensáveis.

Um fato importante é que, apesar do recorde nacional, a rota de Congonhas para Fernando de Noronha está longe de ser a mais longa do equipamento. No caso, o voo mais longo era o que ligava Minsk, na Bielorússia, a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com 3.897 km de distância (2.104 nm), feita até pouco tempo atrás, já que os Embraer E2 da Belavia foram retirados de operação, a contra-gosto da empresa, como falamos numa matéria anterior.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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