Voos da estatal venezuelana Conviasa para a Síria não terão passageiros?

Após anunciar voos para a Síria e o Irã, a estatal venezuelana Conviasa dá mais um passo estranho, ao impedir as reservas para o voo de Damasco através de seu site (o de Teerã ainda não havia sido colocado à venda). Mas o voo continua programado. Quem , ou o que, será que esse avião vai carregar?

Como reportamos anteriormente, o regime de Nicolás Maduro, que administra empresa aérea local Conviasa, estava recriando a exótica ligação semanal direta entre Caracas e a Síria, também governada por uma ditadura, a de Bashar al-Assad.

O voo tem programação para operar semanalmente, às segundas-feiras, começando em 2 de março e com retorno somente às quartas-feiras, principalmente por conta da necessidade de descanso da tripulação. Os horários são os seguintes:

  • Segundas: voo 7002 – Caracas 16h – 10h30 (+1) Damasco
  • Quartas: voo 7003 – Damasco 10h30 – 19h30 Caracas

Toda a operação será conduzida pelo único avião de longo alcance da empresa, um Airbus A340-200 que acabou de retornar do Irã, onde alegadamente passou por um processo de manutenção pesada.

E as reservas?

O voo tem pouco mais de 12 mil quilômetros e levará 15 horas, mais ou menos; o custo da viagem de ida e volta gira em torno de US$ 1.700 conforme algumas simulações que fizemos no começo de janeiro, quando a rota foi incluída no sistema de reservas da empresa, veja abaixo.

Mas algo aconteceu. Algo estranho, eu diria.

Isso porque, segundo reportou em primeira mão o Routes Online, a empresa venezuelana fechou as reservas para esses voos, embora eles ainda constem como programados. E isso não tem nada a ver com as vendas dos bilhetes ou qualquer suposição de alta demanda. Pelo contrário, quando a empresa encerra as vendas, significa que ela não quer passageiros no voo.

Essa situação aumenta a suspeita em torno desse voo que, sem qualquer sombra de dúvida, foi criado com motivações políticas. A preocupação agora é com o que será transportado no porão da aeronave nas ligações entre Caracas e a Síria.

No passado, já houve a acusação, por parte dos Estados Unidos, de que o voo transportava armas e ouro.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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